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Crítica


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Sinopse

A megalópole Mega City One é um oásis de civilização na Terra Maldita. Nela, o juiz Dredd é polícia e juiz.

Crítica

Anotem o que digo: 2012 vai ser uma referência extremamente positiva para os próximos anos no que diz respeito às adaptações de histórias em quadrinhos para o cinema. Tanto rentável quanto artisticamente. Além de termos tido dois dos maiores sucessos de bilheteria mundiais da história (O Cavaleiro das Trevas Ressurge e Os Vingadores), ambos, aliados ao lançamento Dredd, também conseguem elevar o patamar da qualidade das histórias para as telonas.

O personagem de origem britânica foi criado em 1977 e teve suas violentas aventuras retratadas na cidade futurista Mega City, onde o Juiz Joseph Dredd tinha a autoridade suprema de comandar a justiça na região. E boa parte das sentenças era seguida de morte. Ao contrário da horrenda adaptação (O Juiz, de Danny Cannon) estrelada por Sylvester Stallone em 1995, o novo longa do diretor Pete Travis mantém o personagem como ele é ao mesmo tempo em que mostra este mundo apocalíptico de forma realista. Algo parecido com o que Distrito 9 (2009) conseguiu passar na época de seu lançamento: sabemos que aquele mundo não existe, mas ele é tão bem retratado que conseguimos nos colocar lá.

É neste lugar que a recruta Cassandra Anderson (Olivia Thirlby, de A Hora da Escuridão, 2011) tem que lutar ao lado do juiz em sua primeira missão, onde ambos ficam presos em um gigantesco condomínio controlado pela traficante Ma-Ma (Lena Headey, de 300, 2006). E este é um dos pontos mais favoráveis do filme: uma noção de claustrofobia, já que a maior parte do filme se passa dentro do complexo, aliada a uma intensa matança e banhos e mais banhos de sangue escorrendo pela tela (literalmente na versão 3D, que vale a pena ser conferida), mas que nunca perde o fôlego ou causa sonolência no espectador. Assistimos a um grande Big Brother em que só sai da casa quem sobrevive.

Para quem já leu as histórias, um dos pontos mais relevantes é que o nosso (anti) herói nunca tira a máscara, o que já serve como um grande ganho para o protagonista Karl Urban exibir uma bela performance, extraindo as nuances da moral e ética do personagem tanto na expressão corporal quanto no modo de falar. Algo que recentemente já foi bem construído por Christian Bale como Bruce Wayne/Batman e Tom Hardy como Bane no final da trilogia de Christopher Nolan.

Por sinal, Dredd tem um baixo orçamento, o que não impediu uma direção de arte estupenda e ainda garantiu a liberdade da narrativa, assim como aconteceu com os dois Hellboy (2004 – 2008) de Guillermo Del Toro, e com Kick-Ass (2010), de Matthew Vaughn, entre outros exemplares “menores” do gênero. Aliás, assim como os já citados, recomenda-se o filme para quem tem estômago para a sanguinolência extrema, que pode parecer gratuita, mas apenas retrata uma crítica à sociedade que não só é incapaz de ver problemas em solucionar crimes com mais mortes, como ignora o fato de que violência apenas gera mais violência. Uma discussão que pode parecer superficial, mas é muito bem retratada neste pequeno grande filme.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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