Crítica
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Sinopse
Num universo repleto de intrigas palacianas e clãs em busca de dominação, marcado por viagens interplanetárias e disputas em torno de um bem chamado Especiaria, um jovem é chamado à aventura.
Crítica
Diretores nem sempre gostam de todos os seus filmes. Por exemplo, é sabido que David Fincher detesta o seu Alien³ (1992) e que Martin Scorsese torce o nariz para New York, New York (1977). Duna é o desafeto de David Lynch. Infelizmente, o repúdio ao projeto não é injustificado. Única de suas produções em que não teve direito ao corte final, Duna sofre as consequências óbvias de ter sido pensado por alguém que encontra justamente na dança fluída entre roteiro e montagem sua linguagem única. Sem o controle de um desses elementos, o longa-metragem se converte num desastre, mesmo que conte com um ou outro ponto interessantes. Desestruturado e antipático, não são características que fazem necessariamente um filme ruim, e inclusive podem ser atribuídas a alguns dos melhores exemplares do próprio Lynch, mas aqui, sem os habituais subtextos, simbolismos e interpretações a serem escrutinados, elas acabam definindo a ruína do longa.
Antes o aclamado livro de Frank Herbert tivesse sido dirigido por Alejandro Jodorowsky, que tentou levar às telonas o projeto junto com o artista H.G. Giger, esforço retratado no documentário Duna de Jodorowsky (2013). Ou, mais tarde, tentado a retomar a parceria com Giger depois de Alien: O Oitavo Passageiro (1979) – o designer ainda planejava visualmente a produção - Ridley Scott tivesse comandado o roteiro, que acabou abandonando em prol de Blade Runner: O Caçador de Androides (1982) – convenhamos, uma escolha mais acertada. Passou então ao diretor de O Homem Elefante (1980) a tarefa de realizar Duna, que acabou sendo um grande desastre de bilheteria. O estúdio queria uma produção equiparada à Star Wars e inclusive já havia contratado Lynch para duas continuações. Mas o choque entre a abordagem quase onírica do diretor e as exigências comerciais sepultou a franquia.
Se hoje sabemos que há uma história em Duna é porque alguém se preocupou o suficiente para entendê-la, ler o livro e passar adiante. Bastam alguns minutos para que se desista de encontrar na trama a força do filme. De fato, a história não é importante – algo horrível de dizer sobre um projeto que não possui camadas para serem analisadas além daquela que diz respeito ao enredo. Mas, basicamente, a narrativa se passa em um futuro distante, no qual a galáxia se converteu em um grande império feudal. O Imperador (José Ferrer) é incumbido de matar o jovem Duque Paul Atreides (Kyle MacLachlan) sem que isso pareça obra sua. É quando ele decide transferir Paul e sua influente casa para o planeta Duna, comandado por uma família rival dos Atreides – e onde se produz a tal “especiaria”, uma substância que prolonga a vida de quem a absorve. Gerando este conflito, o Imperador apenas tem de esperar que o sanguinário Barão Vladimir Harkonnen (Kenneth McMillan) faça o trabalho sujo. O que eles não esperavam, porém, é que Paul se tornasse um forte e poderoso líder de uma força nativa de guerrilheiros.
Acredite: 1) essa é a versão simplificada; e 2) não é, mesmo, importante.
É fácil, claro, se familiarizar rápido com alguns conceitos, tais como as falas mentais dos personagens, o grupo de sacerdotisas influentes do Imperador e a importância da “especiaria”. Porém, quem age em relação a quê, por que e, pior ainda, para quê, é um mistério que oferece poucas respostas ao longo da duração. Um tropeço notório, tendo em vista que os personagens dizem exatamente o que estão fazendo o tempo inteiro através de seus pensamentos. Além disso, há uma galeria muito inchada de figuras para acompanhar, e várias delas são desinteressantes. Lady Jessica (Francesca Annis), por exemplo, é dispensável, pois lhe é dedicado um tempo considerável e ela jamais interfere no andamento de coisa alguma. Com constantes divagações que beiram o psicodélico, ainda mais quando aliadas a frases que parecem perdidas no ar, a experiência torna-se quase que totalmente incompreensível. Esperar que o espectador use a cabeça para deduzir certas coisas de um novo universo não é nenhum crime - há, inclusive, um termo para isso: In media res. Para jogá-lo no meio de um mundo totalmente novo e diferente, sem explicação alguma, ou fazê-lo beber uma dose de vodka e depois sacudir sua cabeça , se usa outro termo: ruim.
Mas, convenhamos, Duna não possui apenas deméritos. Absorvendo ainda um pouco do trabalho feito por Giger, o design de produção é interessantíssimo, o que se espera de uma produção obviamente cara, principalmente no que se refere aos cenários, maquiagem e figurino. O que compensa o pouco investimento nos efeitos visuais, que contrastam rudemente com a qualidade das artes feitas à mão. Por exemplo: se os vermes da areia são embaraçosos tropeços, toda a concepção do Barão Vladimir é adequadamente nojenta. Mesmo que sua flutuação seja obra de cabos de aço quase visíveis, ela funciona ao que pretende, somando ao vilão e seu design desprezivelmente viscoso. Aliás, como curiosidade: se não fosse o bastante, Duna também foi acusado na época de ser homofóbico, pois, em pleno ano de 1984, com o surgimento da AIDS, doença então chamada de “Câncer Gay”, trazia um algoz implicitamente homossexual assolado por uma doença misteriosa que lhe deixava feridas expostas pelo corpo.
Verdade ou não, pouco importa, mas é inegável que Vladimir seja provavelmente a figura mais cativante do projeto. E que ele seja repulsivo e cruel é apenas sintomático em uma produção que não oferece muito em que se agarrar. É uma das poucas coisas que sobrevivem na memória, assim como a trilha do compositor Toto, que encerra embalando um corte certeiro na cena final, que teria muito mais impacto caso o resto do filme tivesse sido eficiente em fazer se importar. O que não é o caso, pois fica difícil até mesmo encontrar motivos para citar que estão no elenco também nomes como Patrick Stewart e Max Von Sydow.
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Olá, Gostei de sua crítica, o filme realmente é uma porcaria, mas tempos que lembrar de alguns fatos. O filme é inspirado em uma das maiores obras de Ficção Científica da história, Duna, de Frank Herbert que é composto por 6 livros, premiadíssimo, traduzido para diversos idiomas (inclusive português) e vencedor dos maiores prêmios da literatura de ficção: Hugo e Nebula. E mesmo sendo muito ruim, o filme foi responsável por popularizar o livro. Acredite! O que fez este filme ser ruim? Ele coloca diversos elementos inexistentes na história original, o filme é escuro, estranho e os figurinos beiram o ridículo. As "leituras mentais": No livro as Bene Gesserit (irmandade de feiticeiras ou sacerdotisas como você coloca) tem poderes extraídos do vício na especiaria, estes poderes são muitas vezes vocais ou mentais só que exageraram na forma como tentaram expor isso. Um fato que me chamou a questão foi sobre a "homofobia" no Barão Harkonnen. No livro Vladmir Harkonnen não é "implicitamente" homossexual, é explicitamente a assumidamente homossexual e de certa forma até pervertido promovendo orgias com seus escravos. Quanto a suas doenças estão ligadas ao padrão de vida dos Harkonnen, sua alimentação e a toxidade da atmosfera muito poluída do planeta Giedi Prime.