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Sinopse

O policial de Nova York John McClane está visitando sua família no Natal. Ele participa de uma confraternização de fim de ano na sede da empresa japonesa em que a esposa trabalha. A festa é interrompida por terroristas que invadem o edifício de luxo. McClane não demora a perceber que não há ninguém para salvá-los, a não ser ele próprio.

Crítica

E nasce um herói...”. Esta poderia ter sido, com muito mais efeito do que “40 andares de pura aventura”, a tagline usada no cartaz de Duro de Matar, o filme que de fato deu início a uma das mais bem sucedidas carreiras de Hollywood, a do astro Bruce Willis. À frente deste thriller que, por si só, acabou definindo todo num novo subgênero de ação – aquele do personagem comum em situações extraordinárias que precisa lidar com o que tem à mão e salvar a pátria, por mais improvável que tal missão possa soar à princípio – Willis catapultou seu nome de mero comediante televisivo para se consolidar como uma das maiores estrelas de todo o mundo, dono de franquias próprias – sendo essa a maior de todas – ao mesmo tempo em que marcou presença em diversas produções menores, mas não menos cultuadas. Quem diria que tudo começaria com uma trama de (falso) espírito natalino?

Após fazer par com Kim Basinger em Encontro às Escuras (1987) e de estrelar o constrangedor Assassinato em Hollywood (1988) – que rendeu ao diretor Blake Edwards uma Framboesa de Ouro de Pior Direção – Willis foi convidado a estrelar esse projeto que oferecia pouco – mas prometia muito. John McClane é um daqueles personagens icônicos desde o primeiro olhar, que é apresentado com cuidado aos espectadores e que, repleto de frases marcantes – “yippee-ki-yay, motherfucker” é só a melhor delas – e de atitudes de efeito, conquistou a audiência de modo irreversível. Tanto que está vivo até hoje, mais de vinte anos depois, com uma sequência de maior sucesso do que a anterior.

McClane (Willis) é um policial de Nova York que vai a Los Angeles passar o Natal com a família e, assim, tentar reconquistar a esposa, que se mudou para a cidade dos anjos há poucos meses devido a uma generosa oferta de trabalho. Ele chega no aeroporto e vai direto ao Edifício Nakatomi para encontrá-la na festa de fim de ano da firma. Enquanto conversam, uma gangue de mercenários europeus altamente armados invadem o complexo empresarial com o objetivo de roubar mais de US$ 600 milhões de dólares dos cofres abarrotados da empresa. Mas John consegue fugir durante a tomada dos reféns, e, sozinho, terá que lidar com todos os bandidos para impedir que uma tragédia pior aconteça.

Um filme como Duro de Matar – este, o original – seria virtualmente impossível neste novo século após o ataque às Torres Gêmeas. Um grupo de terroristas atacando com bombas um super edifício e colocando dezenas de pessoas em risco? Sem chances! Mas, em 1988, quando foi lançado, isso era apenas entretenimento no campo da ficção, nunca uma possibilidade que um dia seria concretizada do modo inimaginável. E assim, com este espírito despreocupado, sem nunca levar-se muito a sério, o longa dirigido com mão segura por John McTiernan (que um ano antes entregara o também escapista O Predador, 1987) explora com sabedoria não só seu improvável protagonista – que ia de frente contra o estereótipo da época de brutamontes vitaminado – apelando para seu charme e inteligência, além de soluções que, ainda que impossíveis, soavam críveis diante absurdos ainda maiores. Claro, contar com um vilão carismático como Alan Rickman só colaborou!

Duro de Matar custou menos de US$ 30 milhões e arrecadou mais do que quatro vezes este valor nas bilheterias de todo o mundo, além de ter gerado outras quatro continuações, que, juntas, já ultrapassaram a marca do US$ 1 bilhão em ingressos vendidos! Esse primeiro filme ainda teve um ótimo retorno da crítica, recebendo quatro indicações ao Oscar e prêmios ao redor do mundo, como o de Melhor Filme Estrangeiro do ano pela Academia de Cinema Japonesa! Uma grande diversão que deu muito mais certo do que se esperava, mostrando que galãs irônicos poderiam ser também bons heróis de ação, fortalecendo a identificação com o espectador, que torcia na ponta da cadeira pelo inevitável final feliz. Sucesso esse que perdura até hoje.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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