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Crítica


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Sinopse

Três homens de meia idade estão passando por problemas diferentes em seus relacionamentos. Um está se divorciando, o outro desconfia que é traído, e o terceiro tem dificuldades para se vincular.    

Crítica

O cinema brasileiro parece ainda não ter encontrado seu público em 2012. Projetos ambiciosos, como Reis e Ratos e Billi Pig, visivelmente voltados para grandes bilheterias, naufragaram merecidamente, assim como obras elogiadas, como Xingu ou Heleno. Até mesmo comédias mais rasgadas, como As Aventuras de Agamenon, o Repórter (felizmente) não tiveram o retorno esperado. Pois a mais recente aposta de sucesso popular é esse E aí... comeu?, comédia de Felipe Joffily, o mesmo de outra bobagem que faturou bastante, Muita Calma Nessa Hora (2010). Mas se esse era voltado para uma audiência mais jovem, o de agora mira numa faixa etária mais abrangente e eclética. E como era de se prever, quanto maiores forem as esperanças, mais provável será a frustração.

Além de Joffily, Muita Calma Nessa Hora e E aí... comeu? contam também com a participação de Bruno Mazzeo na frente e atrás das câmeras. Ele assina como produtor e roteirista de ambos os filmes, mas se no primeiro se contentou com uma participação especial no elenco, dessa vez assume o papel de protagonista, ao lado do primo Marcos Palmeira e do amigo Emílio Orciollo Netto. Os três possuem a missão de representar diferentes estados amorosos do homem moderno: o casado que morre de medo de ser traído (Palmeira), o separado desiludido que acredita que nunca mais irá encontrar o amor (Mazzeo) e o solteirão convicto que só quer saber de farra (Orciollo). Claro que entre eles circulam muitas – e belas – mulheres, como a esposa que não dá satisfação para onde vai (Dira Paes), a ex que abandona a casa (Tainá Müller), a lolita adolescente que tenta o vizinho mais velho (Laura Neiva, de À Deriva) e a prostituta de bom coração (Juliana Schalch, a protagonista feminina de Os 3).

A grande sacada de E aí... comeu? é o fato de não se levar à sério demais. Isso fica claro logo no início, quando começamos a acompanhar as histórias e desventuras deste trio de araque numa mesa de bar, lugar onde, como todo mundo sabe, qualquer assunto é permitido. Isso até provoca um choque nos minutos iniciais, seja pela franqueza dos diálogos, realmente desbocados e absolutamente verossímeis, ou pelo tom adotado, em que tudo parece ser possível, longe de qualquer tipo de vigilância politicamente correta. O problema é que essa ousadia logo é deixada para trás, e aos poucos aquilo que prometia ser irreverente e original se conforma em trilhar por caminhos bem mais tradicionais, levando o espectador até um final extremamente convencional e previsível.

Produzido por grande parte do elenco, percebe-se que E aí... comeu? é muito mais uma opção de um grupo de atores que querem se divertirem juntos do que proporcionar uma experiência cinematográfica de fato transformadora. O texto de Marcelo Rubens Paiva, ao contrário do anterior Malu de Bicicleta, deixa de lado qualquer sensibilidade ou refinamento para apostar no riso fácil e forçado, e essa opção poucas vezes se revela a mais eficiente. Ainda assim, alguns bons desempenhos isolados do elenco (Dira Paes e Seu Jorge são os destaques) se esforçam para não fazer do projeto um desperdício total. Sem graça e bastante óbvio, é um filme que até pode satisfazer o espectador mais desavisado, mas que certamente irá decepcionar qualquer expectativa mais exigente.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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