Crítica
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Sinopse
A vida e a obra de Jimi Hendrix, um dos principais músicos do século 20. Considerado por muitos como o maior guitarrista de todos os tempos, ele é visto principalmente nas famosas apresentações nos festivais de Monterey (1967) e Woodstock (1969).
Crítica
Para os fãs e admiradores, a comemoração não necessita de data para acontecer. Ou melhor: acontece diariamente, a cada música e em cada acorde produzido pela sonoridade inconfundível de sua Fender Stratocaster. Nascido na cidade de Seattle em 1942, Johnny Allen Hendrix - posteriormente James Marshall Hendrix, em memória do irmão mais velho – ganhou o mundo reconhecido simplesmente por Jimi Hendrix. Nos anos 60, auge da contracultura, tornou-se um dos símbolos máximos de um movimento decidido a desafiar os padrões vigentes. Não bastasse o fato de ser guitarrista, canhoto, negro, genialmente intempestivo e visualmente extravagante, Hendrix era ainda talentoso ao ponto de reformar o gênero musical que o consagraria.
Para rememorar e incutir nos mais jovens essa lembrança, E aí Hendrix? aproveita a data dos quarenta anos de morte do ídolo para homenageá-lo. Escrito e dirigido pela dupla Pedro Paulo Carneiro e Roberto Lamounier, o documentário brasileiro investe na alternância de dois momentos. Dividem a atenção o pano de fundo histórico e a intensidade do legado do músico. A parte histórica inicia a partir do desembarque de Jimi Hendrix em Londres, em 1966. Os relatos de produtores e jornalistas que acompanharam o momento descrevem o impacto gerado pela sua chegada. Tendo na plateia nada menos que Eric Clapton, Pete Townshend e Mick Jagger, a capital britânica recebe com atenção as primeiras apresentações de Hendrix. Em troca, o americano lhes retribui com a agressividade em sua plenitude. Estupefato com a postura subversiva, o circuito musical londrino reage e timidamente se transforma ao som da experiência proporcionada pela The Jimi Hendrix Experience. Ainda neste eixo são abordadas en passant as lendárias apresentações nos festivais de Monterey e Woodstock, respectivamente 1967 e 1969.
O legado de Hendrix, por sua vez, transcende a música e toma forma durante o registro do tour de músicos brasileiros, especialmente da cantora Pitty, pela cidade. Somos levados aos ambientes em que o músico conheceu seus companheiros de banda, os apartamentos nos quais morou por meses – ou não mais que algumas horas – casas de shows e prédios de importantes nomes da cena londrina. Tudo serve como material, ainda que breve e superficialmente, para compor o cenário efervescente do período e deleitar os fãs do guitarrista.
Os dois eixos da narrativa completam-se com uma boa série de depoimentos. Entre estrangeiros que viveram o período estão produtores do primeiro álbum do americano em solo inglês e Chas Chandler, o responsável por trazê-lo do novo mundo para a terra da Rainha. Entre os nacionais, os depoimentos de Frejat, Pepeu Gomes, Robertinho do Recife, Davi Moraes e George Israel ajudam a dimensionar a influência que se espraiou ilimitadamente, tornando-se responsável por uma geração de músicos que pensa e concebe a música de outra forma, de maneira menos comercial e mais profunda – algo próprio da experiência. Se a maestria de Hendrix é indubitável, faltou ao documentário segui-la mais intimamente. A condução, ainda que honesta, se ressente de um encadeamento melhor entre os dois eixos. O tour realizado pela cidade foi muito interessante para os envolvidos, mas inexpressivo para os espectadores. Uma direção de arte competente conseguiria unificar esteticamente o filme, suavizar as passagens e evitar determinados excessos, como nos letreiros. Ironicamente, faltou ao projeto exatamente a ousadia que transbordava em Jimi Hendrix.
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