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Sinopse

Luna é uma pré-adolescente com dificuldades de socializar na escola. Certa noite, sua fada madrinha, a atrapalhada Geraldine, aparece para ajuda-la a passar por uma grande transformação a fim de ser popular.

Crítica

Era uma questão de tempo. Depois de um canal no youtube que virou febre, uma peça de teatro e um livro best-seller, o cinema seria a frente mais provável de Kéfera Buchmann demonstrar, mais uma vez, seu grande poder midiático. Todo este prisma de realizações parece mostrar uma artista multifacetada, que é capaz de desenvolver um trabalho em diferentes frentes e formatos. Infelizmente, é apenas a confirmação de que Kéfera só é dona de uma visão mercadológica invejável. É Fada!, sua estreia no cinema com um selo de garantia de Daniel Filho (Se eu Fosse Você, 2006) e Cris D’Amato (S.O.S. Mulheres ao Mar, 2014), é baseado em um livro de Thalita Rebouças. Logo, só não é possível chamar de um resultado frustrante, pois já sabemos o terreno duvidoso no qual estamos adentrando.

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Buchmann interpreta a fada do título, Geraldine, e fica difícil saber se a personagem é realmente uma caracterização ou uma emulação da persona que Kéfera criou para os seus vídeos online. Os gritos e os trejeitos estão todos lá e tornam a produção uma continuação previsível do que a youtuber já apresentou, até de maneira melhor finalizada, na internet. Conhecemos a fadinha (ou fadona, como gosta de se auto-referir) dando dicas ao técnico Luiz Felipe Scolari (obviamente um sósia) que a ignora por completo. Isso acontece durante o fatídico jogo da seleção brasileira contra a Alemanha. E como a vida é sempre aquele eterno sete a um, Geraldine logo se vê sem suas preciosas asas como uma forma de punição do universo mágico por seu aconselhamento ao técnico ter falhado. E agora, qual a forma de reaver suas preciosas asas? A redenção surge de maneira rápida. Basta dar um jeito na vida da jovem Julia (Klara Castanho), filha de pai solteiro que vive de maneira humilde na periferia do Rio de Janeiro. A missão da fada é colocar a vida familiar e escolar da adolescente nos eixos, agora que sua mãe ausente retornou rica do estrangeiro, mas sem nenhum tipo de compaixão pela filha. Atrapalhada, Geraldine poderá colocar tudo a perder, principalmente a possibilidade de Julia ser quem é.

Ao não mostrar quem os personagens realmente são de uma maneira mais profunda, É Fada incorre seu erro mais grave. Além dos péssimos efeitos especiais para destacar marcas patrocinadoras, reside no roteiro morno um material pobre de desenvolvimento para o elenco construir algo decente. Os personagens e situações são clichês mal resolvidos catados de produções norte-americanas como toda chanchada que se preza. Essa busca por uma estética americana é também uma forma de subestimar o público. Até mesmo a premissa fantasiosa poderia servir de alegoria para criar um universo que brinca com metáforas contrastando um humor maduro, ampliando a faixa-etária de sua audiência.

Como se não bastasse o decorrer problemático, É Fada consegue ser tão fraco em sua conclusão que precisa da inserção de um letreiro antes dos créditos finais para justificar sua realização, explicando que foram empregadas milhares de pessoas durante as filmagens. Algo como “não nos julgue pela péssima qualidade, ao menos estamos empregando pessoas”. Fica difícil não julgar depois de um grand finale duvidoso e bem embaraçoso de um funk da fadinha.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
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é graduado em Cinema e Animação pela Universidade Federal de Pelotas (RS) e mestrando em Estudos de Arte pela Universidade do Porto, em Portugal.
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