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Crítica
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Sinopse
Uma produtora televisiva cria uma fórmula para combater a queda nos índices de audiência. A nova atração acompanhará 24 horas da vida de um cidadão comum. O candidato escolhido é Ed, protagonista que não oferece muito entretenimento em seu cotidiano aborrecido.
Crítica
Filmes tematicamente parecidos e lançados na mesma época são comuns em Hollywood. Em 1998, por exemplo, O Show de Truman trouxe Jim Carrey interpretando um homem que não sabe que sua vida é um programa de TV famoso no mundo inteiro, e tudo o que acontece em seu dia-a-dia é esquematizado pelos produtores. Um ano após esse lançamento, Ron Howard apareceu com Ed TV, que tem semelhanças claras com a obra premiada de Peter Weir, mas que tenta fazer suas críticas à televisão apostando mais na comédia do que em um tom fabulesco.
Escrito por Lowell Ganz e Babaloo Mandel, baseado no filme canadense Louis 19: Le Roi Des Ondes, Ed TV se concentra no atendente de locadora Ed Pekurny (Matthew McConaughey), que é escolhido por Cynthia Topping (Ellen DeGeneres), produtora do programa True TV, para ser o protagonista da primeira edição do show. Para tanto, ela passa a filmá-lo 24 horas por dia e sem cortes. Com Ed tendo uma rotina monótona, o programa não inicia tão bem quanto era esperado. No entanto, depois que o rapaz se envolve com Shari (Jenna Elfman), namorada de seu irmão Ray (Woody Harrelson), o negócio começa a virar um enorme sucesso, mostrando que o público está interessado em ver algum conflito no ar, como ocorre normalmente na ficção. É então que a vida de Ed se torna uma grande confusão em frente às câmeras em nome da audiência do programa.
O que Ron Howard acaba fazendo em Ed TV é um retrato divertido, ainda que bastante óbvio, de como as câmeras podem invadir a privacidade de alguém e de como a televisão influencia as pessoas. É difícil agir normalmente quando se está sendo filmado para o prazer de milhões, e por isso acaba sendo engraçado ver os personagens se preparando quando veem que aparecerão no True TV, não se importando com quem realmente são, mas sim com o desejo de passarem uma boa impressão para os telespectadores. Da mesma forma, é interessante acompanhar como Ed é quase obrigado a limitar certos hábitos (como sua coceira matinal, que rende um momento hilário), além de ver várias coisas intrigantes acontecerem consigo ao longo do show, o que acaba basicamente guiando toda sua vida. E o diretor mostra bem o alcance e o sucesso que Ed vai conquistando, incluindo pontualmente cenas de telespectadores dos mais variados lugares. Estes ficam cada vez mais presos àquilo que veem, chegando ao ponto de tentarem adivinhar o que acontecerá em seguida, esquecendo-se completamente de que estão assistindo a algo real.
Em um de seus primeiros grandes papeis como protagonista, Matthew McConaughey convence ao compor Ed como um cara comum, detalhe que ajuda a tornar o personagem uma figura com a qual conseguimos nos identificar com facilidade, além de divertir e ter um carisma e uma presença em cena inabaláveis. O mesmo pode ser dito sobre Jenna Elfman, que como Shari surge como a única pessoa que vê as câmeras com maior desdém. No resto do elenco, vale destacar as participações de Woody Harrelson, Ellen DeGeneres, Martin Landau (como Al, o padrasto do protagonista, que tem ótimas tiradas) e Rob Reiner (como o Sr. Whitaker, chefão do canal responsável pelo programa), todos se saindo bem em seus respectivos papeis. Harrelson, em especial, faz da canalhice de Ray algo tão engraçado que é até uma pena que o personagem seja quase esquecido na segunda metade do filme.
Falhando ainda com relação a alguns conflitos e resoluções previsíveis, além de contar com uma trilha aborrecida que não cansa de comentar a história e estabelecer o tom de cada momento do filme, Ed TV se revela uma comédia eficiente, e até por isso não deixa de ser motivo de lamento que tenha sido um grande fracasso de bilheteria na época de seu lançamento nos cinemas.
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Diferente de "O Som de Truman" que era mais voltado para o drama, este filme de Ron Howard faz uma crítica aos reality shows de forma divertida. Na época, este tipo de programa estava começando a se tornar febre, por isso os dois filmes citados tem como ponto positivo terem sido produzidos no momento certo, como uma espécie de prévia do que ocorreria na tv mundial. Abraço