Crítica
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Sinopse
Karine, 30 anos, grávida de 8 meses, perde seu marido assassinado. Ela e o irmão quase morrem, mas são salvos pelo Pastor Naldo da Igreja Evangélica do Éden. Karine carregará consigo o conflito de buscar a salvação na religião evangélica ou no nascimento do filho.
Crítica
A contida introdução de Éden (2012) sintetiza numa lenta exposição todo o conteúdo dramático do filme. O novo longa-metragem de Bruno Safadi, diretor incensado nos circuitos independentes e festivais por Meu Nome é Dindi (2007) e Belair (2009), contém em seu breve argumento a contestação para alguns temas tão difíceis quanto comuns, como violência, luto, impunidade, redenção e a busca divina. A condução dos mesmos numa narrativa linear e introspectiva, no entanto, deve propiciar em seus espectadores mais fadiga do que reflexão.
Karine acaba de perder seu marido num dos infelizmente corriqueiros atos de violência que possuem como cenário a Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. Grávida de oito meses e sem quaisquer perspectivas para seu futuro ou de seu filho, aceita no irmão e na igreja evangélica que ele frequenta o acolhimento e suporte para seguir em frente. Apesar disso, o cenário que deveria a confortar causa ainda mais conflitos e questionamentos quando reencontra no local o responsável pela morte do pai de seu futuro filho.
Com a fotografia fria e funcional de Lula Carvalho, Éden enfatiza o drama de seus protagonistas a partir da casualidade e causalidade de seus encontros. Bruno Safadi compõe alguns quadros bonitos e de ampla significância, como aqueles com Karine em frente a uma parede manchada onde, silenciosa, parece exprimir seus sentimentos e conflitos pela nuvem cinza atrás de si. O emprego da luz – e a carência dela em certos momentos – situa o filme no melancólico universo de seus protagonistas, porém direciona o terceiro ato para um desfecho sombrio e trágico que nunca ocorre.
Leandra Leal evidencia novamente seu talento para papeis profundos e verossímeis, assim como a naturalidade com que transmite o que sente pelos olhos e pequenos gestos. Júlio Andrade personifica com sucesso o estereótipo do fanático religioso, que deixa nas mãos invisíveis de uma entidade as soluções de seus problemas e medos. João Miguel, onipresente em produções nacionais, impressiona pela caracterização acertada em voz e postura como o pastor evangélico da Igreja do Éden – e fecha a trindade de grandes atores do cinema brasileiro que funciona como o melhor de Éden.
O roteiro de Safadi e Antonia Pellegrino não apresenta conteúdo ou contexto inéditos, basta recordar do recente Linha de Passe (2008) e uma de suas principais argumentações. Enquanto privilegia silêncios, longos planos e seus atores, Éden não aprofunda em temática ou soluciona seus próprios impasses. Sua última sequência, plasticamente bonita, funciona apenas para sinalizar que a sessão terminou.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Conrado Heoli | 4 |
Robledo Milani | 5 |
Edu Fernandes | 8 |
Wallace Andrioli | 8 |
Rodrigo de Oliveira | 9 |
Francisco Carbone | 10 |
MÉDIA | 7.3 |
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