Sinopse
No subúrbio de Londres, nos anos de 1960, a vida de uma garota adolescente passa por grandes transformações quando ela conhece um playboy com quase o dobro de sua idade.
Crítica
Apesar de ter saído de mãos abanando da festa do Oscar, o inglês Educação não deve ser menosprezado. Afinal, além de ter concorrido em três categorias muito importantes – Melhor Filme, Atriz e Roteiro Adaptado – conta com uma das performances mais interessantes da última temporada, a da novata Carey Mulligan! Além de ter sido lembrada ao maior prêmio do cinema mundial, a jovem de 24 anos recebeu outras 25 indicações – inclusive em eventos de destaque, como o Globo de Ouro e o Sindicato dos Atores (SAG), e colecionou 14 vitórias – entre elas, no Bafta (o Oscar inglês), e no National Board of Review, nos EUA. Um desempenho arrebatador e inesperado, visto que até então ela só havia feito pequenas participações em longas como Entre Irmãos (2009), Inimigos Públicos (2009) e Orgulho e Preconceito (2005).
Mas se Mulligan é a força-motora de Educação, a cereja do bolo é seu roteiro, inteligente e bastante original, que consegue driblar os mais óbvios clichês com sabedoria e perspicácia. Escrito por Nick Hornby e adaptado a partir das memórias da jornalista Lynn Barber, este é um texto bastante maduro, porém nada enfadonho. É moderno em sua apresentação dos dilemas vividos pela protagonista, uma jovem estudante que acidentalmente acaba se envolvendo com um homem mais velho que, precocemente, à introduz a um universo completamente novo, repleto de glamour, festas, bebidas e romantismo. O choque experimentado pela garota é muito mais interno do que o que podemos perceber na superfície, principalmente pela relação que se estabelece entre os dois pólos da trama: ela e o novo namorado e ela com os pais. Se de um lado tudo é descoberta e alegria, do outro vemos a força da tradição sendo derrubada pela possibilidade de uma vida melhor. Até que ponto aquele homem estranho, que surge entre deles de uma hora para outra, está sendo sincero em suas intenções? E a quem cabe ter este discernimento: pai, mãe e filha ou os amantes?
Sem falsos moralismos e muito consciente do que se está discutindo, a diretora dinamarquesa Lone Scherfig (que participou do Dogma 95 com a comédia Italiano para Principiantes, 2000) conduz seus personagens sem julgamentos, deixando-os livres em seus conflitos e decisões. Outro elemento importante nesta evolução é o ambiente escolar, que representa o final de uma etapa que, se está sendo atropelada, também possui um valor que só tardiamente será reconhecido. São estabelecidos paralelos comuns a todos nós – amigos, família, colegas – mas será a forma pouco comum em que acompanhamos a menina se transformar em mulher que irá nos desarmar de avaliações precipitadas. Soma-se a isso os diálogos inspirados e soluções que brincam com o convencionalismo das situações, e temos um filme que se diferencia da mesmice sem resvalar no excesso de estilismo ou pretensão.
Educação tem como destaque também o elenco afiado, em que chamam atenção nomes como Alfred Molina, Emma Thompson, Peter Sarsgaard, Dominic Cooper e uma divertida Rosamund Pike. Longe de ser comparado com a mais usual produção inglesa, de filmes sisudos ou de adaptações históricas, esta é uma história que nos deixa com um sorriso tímido no canto do rosto, nos levando a reviver momentos importantes da nossa própria trajetória, no estilo “como eu reagiria se estivesse nesta mesma situação?”. E provocar o raciocínio e estimular o pensamento são qualidades cada vez mais merecedoras de aplausos.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 8 |
Chico Fireman | 6 |
Francisco Carbone | 9 |
Cecilia Barroso | 7 |
MÉDIA | 7.5 |
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