Crítica
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Sinopse
Em 2159, o mundo é dividido entre dois grupos: o primeiro, riquíssimo, mora na estação espacial Elysium, enquanto o segundo, pobre, vive na Terra, repleta de pessoas e em grande decadência. Por um lado, a secretária do governo Rhodes faz de tudo para preservar o estilo de vida luxuoso de Elysium, por outro, um pobre cidadão da Terra tenta um plano ousado para trazer de volta a igualdade entre as pessoas.
Crítica
O ano de 2013 ainda não acabou, mas já tem seu filme de ficção científica definitivo. Na verdade, os fãs do gênero podem levantar as mãos ao céu para agradecer a estreia do melhor título de sci-fi em muito tempo. Com Elysium, Neill Blomkamp, autor e diretor do cultuado Distrito 9 (2009), apresenta uma trama original, robusta e realista, que deixa as metáforas político-sociais de seu filme anterior de lado para ir direto ao ponto: o planeta Terra do futuro é um inferno de onde apenas os ricos podem escapar.
Para absorver Elysium, no entanto – e como ocorre com qualquer ficção científica – você deverá fazer algumas concessões. Terá que aceitar que em 2154 (tipo amanhã...) Los Angeles é uma gigantesca favela repleta de imigrantes, que o sistema de saúde pública norte-americano faliu completamente, que o sistema social é uma tragédia sem fim e que a poluição destrói nosso planeta superpovoado em uma velocidade jamais imaginada. Pensando bem, não é difícil imaginar um cenário semelhante. 99% dos filmes de sci-fi apresentam um futuro distópico e caótico, com uma população condenada à opressão e à privação, e que muitas vezes remete ao nosso presente. No entanto, uma das novidades do longa em relação a outras produções do gênero é a migração em massa de milionários desta Terra indigna para Elysium, uma estação espacial paradisíaca fechada a todos aqueles que não podem pagar pelo ingresso.
Elísio, para gregos e romanos antigos, era a mansão de prazeres ocupada pelos heróis e pelos justos após a morte. Elysium é a mesma coisa para o superVIPs globais, com um detalhe: eles não estão mortos. Pelo contrário. O avanço tecnológico possibilitou que, além de terem casarões gigantescos com jardins verdejantes, alimentação e segurança, todos tenham em casa um sistema de saúde futurista que cura doenças instantaneamente como aperto de um botão – o que eleva a expectativa de vida orbital para além dos 100 anos. A possibilidade de viver uma vida digna e a chance de obter tratamentos de saúde de ponta é o sonho de muitos dos que ficaram na Terra. A todo o momento, terráqueos refugiados tentam invadir Elysium em naves-pirata com a ajuda de Spider (Wagner Moura, muito bom), um rebelde com ímpetos revolucionários que tenta burlar as forças de segurança da estação. Invariavelmente, todos imigrantes acabam mortos pelas ordens de Delacourt (Jodie Foster, excelente), a Secretária de Defesa que planeja um golpe de Estado contra o presidente Patel (Faran Tahir) a fim de assumir o comando total de Elysium.
Após um acidente de trabalho, Max (Matt Damon) é exposto à radiação. Mesmo com a ajuda da enfermeira Frey (Alice Braga), Max não sobreviverá se não for tratado na estação espacial. Para chegar lá, terá que fazer um serviço para Spider, que o colocará em rota de colisão não apenas com Delacourt, mas também com o letal Kruger (Sharlto Copley), um mercenário afrikaner de poucos amigos. Entre a listinha de itens aos quais você fechará os olhos para aceitar o filme está o fato de Max ser exposto a níveis absurdos de radiação e, depois disso, sobreviver a uma cirurgia trash para a instalação de um exoesqueleto e periféricos informáticos a fim de cumprir sua missão. Mas ok, sem isso não há trama. Por outro lado, sua transformação em ciborgue é uma bela homenagem a títulos como Johnny Mnemonic (1995) e Minority Report (2002) e ao livro Neuromancer, de William Gibson, ainda não vertido para o cinema. Há diversas citações (algumas óbvias, outras sutis) a ícones do sci-fi, da estação espacial inspirada na estrutura vista em 2001: Uma Odisséia no Espaço (1968) aos penteados femininos retrô, similares ao de Rachael (Sean Young) em Blade Runner, o Caçador de Andróides (1982).
Ao projetar um futuro insuportável, e semelhante ao presente, marcado por fome, pobreza, criminalidade e desarticulação social em contraposição com o progresso asséptico do isolamento espacial, Neill Blomkamp volta a mostrar sua capacidade criativa de representação de mundo. Sua denúncia política em formato sci-fi suplanta com inteligência os blockbusters de ficção científica Oblivion, Além da Escuridão: Star Trek e Círculo de Fogo, todos lançados em 2013.
> Veja o hangout sobre Elysium com Alice Braga e Wagner Moura com participação do Papo de Cinema
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Não entendo o amor por este filme. É por que tem atores brasileiros? Achei Elysium sem graça e nem se compara com o excelente District 9. Que pena! Porque os atores são bons, exceto a Jodie Foster, cujo sotaque inglês é tão falso como a cor do cabelo. O script é bem maniqueísta. Os pobres continúam sendo hispanos. Os ricos falam inglês e francês. (Para compensar, o presidente do satélite dos ricos é indiano…) Até os efeitos especiais achei pouco imaginativos. Na minha opinião o melhor filme de ciência ficção dos últimos anos continúa sendo “Looper”.
Quero muito ver esse filme, pois acredito que possa dar um novo frescor para o cinema de ficção desse ano que teve altos e baixos.