Crítica
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Sinopse
No Brasil da ditadura militar, década de 1970, Boni, um humilde estudante de engenharia, entra para a luta armada. Cheio de dúvidas e receios, ele teme pela família, pela namorada e por seu futuro, se é que ele um dia terá um.
Crítica
A Ditadura Militar é uma temática bastante em voga atualmente, especialmente pelo recente aniversário dos 50 anos de seu início. Pouco antes desta efeméride, em 2009, chegou aos cinemas mais um bom filme brasileiro retratando o período. Dirigido pelo cineasta gaúcho Paulo Nascimento, Em Teu Nome traz à tona o sofrimento de uma parcela da população que decidiu lutar contra um regime autoritário e pagou caro por suas escolhas.
Baseado em fatos reais, o roteiro de Paulo Nascimento é centrado no engenheiro Boni (Leonardo Machado), rapaz de classe média que decide, junto de seus companheiros Professor (Nelson Diniz), Lenora (Sílvia Buarque), Onório (Marcos Verza) e Higino (Sirmar Antunes), pegar em armas e enfrentar a Ditadura Militar. No entanto, as coisas não saem como o grupo esperava. Eles são capturados, torturados e, finalmente, exilados após o governo brasileiro ceder às exigências do grupo terrorista que sequestrou um embaixador suíço.
Em Teu Nome é o filme mais consistente do diretor Paulo Nascimento, com um roteiro interessante atrelado a boas atuações do elenco. Leonardo Machado é o protagonista e consegue carregar muito bem a trama, assim como seu “mentor” interpretado por Nelson Diniz. Sirmar Antunes, Marcos Verza e Sílvia Buarque também contribuem com boas performances. Um dos destaques do elenco fica para o uruguaio César Troncoso, que comove com seu abnegado personagem, Leo. Ele é cunhado de Boni e tenta ajudá-lo no que for necessário, sempre deixando bem claro que não é a favor da luta armada.
Com uma ótima fotografia assinada por Roberto Laguna, que consegue capturar muito bem os cenários por onde passam os personagens do filme (desde o Brasil, passando pelo Chile e França), Em Teu Nome é um deleite para os olhos. Uma pena que, por ser uma produção com orçamento apertado, é notável que as ruas estão sempre vazias e poucos carros passam em frente à câmera. Esta desertificação das locações é obviamente uma solução encontrada pela produção para que o filme não incorresse em anacronismos. Algumas soluções encontradas são bastante satisfatórias, como a profundidade de campo super iluminada em cenas na cidade grande, escondendo possíveis pistas de quando a trama foi realmente filmada.
Vitor Ramil aparece em uma ponta cantando sua bela canção Deixando o Pago, que agrega bastante a uma já bem pensada trilha sonora assinada por André Trento e Renato Müller. Um dos poucos senões de Em Teu Nome fica para a montagem. Quando o longa-metragem vai chegando ao terceiro ato, parece que o filme todo começa a correr com os acontecimentos, começando um vai e vem de fade in e fade out (as telas pretas que separam uma cena da outra) que tenta, ao que tudo indica, enxugar um filme que era bem maior no projeto inicial. O resultado é um terceiro ato muito truncado.
Em Teu Nome pode ter seus pontos fracos, mas é um trabalho interessante, que trata de um assunto relevante e que deve ser sempre lembrado. A Ditadura Militar foi um período tenebroso na história de inúmeros países na América Latina (e o filme consegue mostrar isso, estendendo sua história para o Chile) e merece sempre ser revisitada no cinema, no teatro, na literatura, para que as novas gerações não esqueçam.
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