Emma e as Cores da Vida
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Silvio Soldini
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Il colore nascosto delle cose
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2017
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Itália / Suíça
Crítica
Leitores
Sinopse
Crítica
A primeira imagem é a escuridão total. Por quase dois minutos, a tela preta só guia os espectadores pela voz de seus personagens. A cortina se abre e se entende que todos estavam numa espécie de passeio que os colocou no lugar de cegos. "É assim para eles sempre", uma das vozes fala. Um dos envolvidos é o protagonista, que mais à frente vai sentir por várias vezes como é estar ao lado de alguém que tem deficiência visual. O diretor Silvio Soldini já havia trabalhado o tema no documentário Para Outros Olhos (2014), sobre a vida do escultor cego Felice Tagliaferri. Desta vez, transporta a experiência para a ficção Emma e as Cores da Vida, que traz uma excelente interpretação da principal figura feminina da história.
Teo (Adriano Giannini) é um publicitário que trabalha em uma grande agência e não consegue ver um rabo de saia. Só que durante uma consulta médica acaba conhecendo Emma (Valeria Golino), uma osteopata. Detalhe: ela tem deficiência visual desde pequena. Mas o que poderia ser um obstáculo para o romance entre os dois se torna apenas uma característica pequena comparada aos traumas de relacionamentos que ambos tiveram ao longo da vida. Ele é resistente à ideia de algo fixo, mesmo já tendo uma parceira com quem tem uma espécie de namoro sem cobranças. Ela está separada há pouco e não acredita que alguém como Teo possa lhe querer.
O grande trunfo de Soldini em sua narrativa é não se deixar cair no lugar comum ou retratar os cegos como se fossem pessoas diferentes. Pelo contrário. Emma, assim como sua protegida, Nadia (Laura Adriani), são as personagens mais fortes e interessantes do filme, mesmo que ambas precisem lidar com seus próprios problemas (especialmente a insegurança da garota mais jovem, que se preocupa quanto ao futuro por conta da cegueira) e com as pessoas ao redor que as tratam como incapazes. Por isso mesmo há uma certa dissonância de qualidade em tela quando vemos a história de Emma em paralelo à trajetória de seu parceiro.
Valeria Golino foi indicada ao David de Donatello, o Oscar italiano, por conta de sua bela interpretação. Não é para menos. A atriz transforma sua Emma em muito além do roteiro e direção já sensíveis de Soldini, buscando cada momento para revelar uma nova faceta da personagem. Mais do que isso: não é difícil acreditar que a própria Valeria é cega, tamanha a naturalidade da atuação.Não apenas pelo olhar estático, mas por conta de seu toque. É assim que Emma descobre tudo ao seu redor, na essência, e também acaba por se revelar para o mundo através desta mesma sensibilidade. Não por menos que a história é mais interessante quando trata da real protagonista, toda vez que deixa Teo à parte.
Não que a interpretação de Adriano Giannini seja desinteressante. O ator, mais conhecido internacionalmente por ter sido o par de Madonna no tenebroso Destino Insólito (2002), faz de tudo para transformar Teo em algo mais do que um mulherengo covarde que não consegue ter relações duradouras com nenhuma outra parceira ou até mesmo com a família. Não à toa foge de todos, como quando sua mãe o chama para um enterro. Não fosse pelo ator, que se esforça para dotá-lo de mais cores, o personagem seria intragável.
A sensibilidade de Soldini é forte o bastante para contornar esta visão (não longe da realidade, aliás) de homens machistas, inseguros e fechados em si, deixando claro que muitos títulos de sua carreira, principalmente aqueles com fortes protagonistas femininas – como Pão e Tulipas (2000), Ágata e a Tempestade (2004) e Que Mais Posso Querer (2010) – são seu ponto alto. Além de trazer à discussão da cegueira como principal frente, Emma e as Cores da Vida também é uma ode ao romantismo longe da pieguice, calcado no mundo contemporâneo. E, com uma mulher como a que aqui encontramos no comando, fica mesmo difícil não se apaixonar.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Matheus Bonez | 6 |
Chico Fireman | 2 |
Cecilia Barroso | 4 |
Robledo Milani | 6 |
MÉDIA | 4.5 |
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