En La Caliente: Contos de um Guerreiro do Reggaeton
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Fabien Pisani
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En La Caliente: Tales of A Reggaeton Warrior
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2024
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Cuba / EUA
Crítica
Leitores
Sinopse
En La Caliente: Contos de um Guerreiro do Reggaeton é sobre o homem que veio do nada, mudou um país para sempre com sua música e depois desapareceu. Um retrato trágico de um dos artistas mais importantes e esquecidos da Cuba contemporânea. Selecionado para o 34º Cine Ceará: Festival Ibero-americano de Cinema (2024).
Crítica
Nascido e criado em Cuba, o diretor Fabien Pisani traz perspectiva autêntica para abordar tema sempre delicado: o regime político de seu país. Assunto recorrente e instigante no cinema, a questão já foi explorada sob diferentes óticas, seja com análise negativa, como em Nadie Escuchaba (1987), ou com olhar mais positivo, como em Cuba e o Cameraman (2017). Em En La Caliente: Contos de um Guerreiro do Reggaeton, ele convida o espectador a explorar camadas de realidade sufocante, onde as ruas de Havana escondem mais do que os olhos podem ver. Sob a direção de Pisani, a jornada de Kandyman, cantor proibido de expressar sua arte, revela-se espelho para as contradições de sistema que dita as regras do que é ou não permitido ser ouvido. Entre becos e sonhos, o longa sugere pergunta que ecoa do início ao fim: é possível encontrar liberdade sem deixar para trás tudo o que se conhece?
Com lentes que fogem dos estereótipos, Pisani vira a câmera para cenários menos turísticos de Cuba. O brilho dos clássicos automóveis, a fumaça dos charutos e as notas alegres de clubes de salsa são deixados de lado em favor de guetos onde a influência norte-americana se infiltra discretamente. Esses espaços, repletos de tensões políticas e culturais, dão o tom da busca de Kandyman por lugar ao sol. O músico, no entanto, parece tão fora de lugar quanto as batidas do reggaeton em meio a um cenário rigidamente controlado, onde sonhos frequentemente colidem com muros de censura.
Ainda que a empreitada de Pisani apresente pontos intrigantes, há momentos em que a narrativa perde o fôlego. O excesso de personagens periféricos e a repetição de dilemas já apresentados enfraquecem o impacto. Nem mesmo o protagonista escapa de cansaço narrativo evidente, refletindo, talvez, o próprio peso de sua luta. Mesmo assim, o público segue atento, movido pela expectativa do desfecho: abandonar a ilha seria o passaporte para o sucesso ou apenas mais um capítulo de frustração?
En La Caliente: Contos de um Guerreiro do Reggaeton propõe reflexões já conhecidas, embora ilustradas por imagens e manifestações de cidadãos pouco habituais. Há, sim, chama de insatisfação no ar, uma energia que, como a história sugere, pode se transformar em algo maior. No entanto, o grande trunfo do documentário reside em seus minutos finais, quando apresenta objetivo alcançado pelo protagonista que, por si só, adiciona densidade à narrativa. Ainda assim, não consegue fugir de certa superficialidade. Ao invés de abrir caminhos para debates mais profundos sobre o regime, acaba se sustentando mais no impacto emocional de sua conclusão do que em análise realmente inovadora.
Filme visto durante o 34º Cine Ceará: Festival Ibero-americano de Cinema (2024).
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