Encontro de Casais

Crítica

É muito legal quando amigos decidem trabalhar em conjunto e encontram afinidade suficiente para permanecerem juntos após cada reunião. Sinal de que o processo funciona. Pena que em Encontro de Casais esta sintonia tenha ocorrido apenas nos bastidores, e não no que vemos na tela grande. Afinal, apesar do sucesso de bilheteria nos Estados Unidos (faturou quase o dobro do seu orçamento, que foi de US$ 60 milhões), esta é uma das comédias mais sem graça da temporada, a despeito de todos os talentos envolvidos.

Encontro de Casais marca a estreia na direção de Peter Billingsley, que até então só havia trabalhado como ator. E foi pela proximidade com alguns dos astros desse seu primeiro trabalho que foi escolhido. Ele chegou a integrar os elencos de filmes como Surpresas do Amor (2008), com Vince Vaughn, que mais uma vez é o protagonista. Ele aparece ao lado de Jason Bateman e de Jon Favreau. Os dois, aliás, são co-roteiristas, ao lado de Dana Fox (responsável pelo similar Jogos de Amor em Las Vegas, 2008), desta história que não se sustenta. É notório que a turma estava querendo se divertir mais uma vez juntos, e inventaram essa história de casais em crise que decidem ir a um destino paradisíaco para tentar melhorar a relação entre eles. Tudo desculpa para visitarem em grupo um dos lugares mais lindos do mundo (grande parte do filme foi feito nas ilhas Bora-Bora, no Taiti, Polinésia Francesa).

Dave (Vaughn) e Ronnie (Malin Akerman) são felizes e tem dois belos filhos. São amigos de Joey (Favreau) e Lucy (Kristin Davis, de Sex and the City, 2008), que se casaram ainda na época do colégio, mas agora não se suportam mais. Os quatro são convidados por outro casal conhecido, Jason (Bateman) e Cynthia (Kristen Bell), para irem juntos a um retiro e, assim, os ajudar numa tentativa de reconciliação. Com eles vai também Shane (Faizon Love, de Sorte no Amor, 2006), recém-separado, que leva a nova namorada, enquanto não consegue reconquistar a ex-esposa. Chegando lá as rupturas entre cada dupla só pioram, apesar das belezas naturais que os rodeiam, até o ponto em que se dão conta que o que realmente importa é o que sentem entre si. E, enfim, perceberem que não havia nada a ser mudado, pois o amor que sentem deve ser, por si só, suficiente. Ou seja, é clichê do início ao fim.

Só há uma única desculpa para se assistir Encontro de Casais sem culpa: conferir as impressionantes cenas registradas neste ambiente realmente encantador. Se fosse possível a cada espectador se divertir tanto quanto os atores devem ter aproveitado durante as filmagens, aí sim este seria o filme perfeito. Mas como não é o caso, o que nos resta é uma hora e meia desperdiçada com piadas nada estimulantes, atores preguiçosos e um diretor completamente perdido, sem o menor domínio sobre o enredo que deveria estar desenvolvendo. E perdidos ficamos todos nós, indo a lugar nenhum sem nem ao menos termos o luxo de um belo bronzeado.

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Robledo Milani

é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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