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Sinopse

No novo filme que o agora chefe de de estúdio Ari Gold está desenvolvendo, Vince agora é uma estrela, o ator ideal para o protagonismo.

Crítica

Pra quem nunca ouviu falar, vamos aos fatos. Entourage é uma série de televisão produzida por Mark Wahlberg e lançada em 2004, que durou oito temporadas ao todo (até 2011), compreendendo 96 episódios de aproximadamente meia hora cada. A trama era inspirada na vida do próprio Wahlberg – ou seja, o protagonista era um astro de cinema (Vince Chase, interpretado por Adrian Grenier), sempre cercado por sua ‘entourage’, isto é, seus melhores amigos, que viviam às custas de sua fama e fortuna sob títulos genéricos, como ‘empresário’ (Kevin Connolly, de Diário de uma Paixão, 2004), ‘motorista’ (Jerry Ferrara, do recente Voo 7500, 2014) e até o ‘meio-irmão’ (Kevin Dillon, que na vida real é irmão do mais conhecido Matt Dillon). Pra completar, há o produtor Ari Gold (Jeremy Piven, de Sin City: A Dama Fatal, 2014), o único que de fato trabalha e está preocupado com a carreira do jovem ator. Pois é exatamente essa turma que agora ganha a tela grande em Entourage: Fama e Amizade, um longa que nada mais é do que um episódio estendido do seriado original. Com tudo de bom e de ruim que isso significa.

Se na televisão as piadas era rápidas e os dramas vividos pelos personagens logo encontravam uma solução, pois o que interessava de fato era o mundo de glamour e celebridades ao redor deles, nessa versão cinematográfica tudo acaba por se estender além da conta, apresentando um resultado repetitivo e monótono. Tem mulheres bonitas? Sim. Estrelas sem noção? Com certeza. Festas de arromba? É claro! Mas... e além disso? O que sobra pra contar? Muito pouco, e essa é a triste verdade. Entourage: Fama e Amizade é um presente para os fãs da série, mas qualquer desavisado que se deparar com esse filme dificilmente verá despertar em si interesse para ir além do que estes tipos tem a oferecer.

Ainda que no começo da trama se faça uma recapitulação rápida sobre quem são Vince, Eric, Turtle, Johnny e Ari, o enredo não perde muito tempo em situar a audiência, partindo logo para o ambiente já muito explorado na telinha. Aliás, referências aos eventos mostrados na tevê são constantes – o sucesso do projeto anterior Aquaman, a volta dos personagens de Debi Mazar, Rex Lee e Rhys Coiro e até participações especiais, como as de Liam Neeson, Jon Favreau, Armie Hammer e Jessica Alba – dão o tom de nostalgia constante. Quanto ao enredo, há pouco o que se dizer: Vince quer estrear como diretor, seu primeiro filme como cineasta estoura o orçamento e Ari precisa buscar mais grana com os investidores. Esses aparecem como Billy Bob Thornton, um texano dono de poços de petróleo, e o filho dele, vivido pelo sumido Haley Joel Osment. Este, ao compor um tipo nojento e cheio de segundas intenções, consegue responder pelos melhores momentos da história – ao lado de Piven, que se destaca da mesma forma como fazia na televisão.

Mas alguém tem alguma dúvida que tudo dará certo? Afinal, mais que os acontecimentos que ligam os amigos, os fãs da série sempre apreciaram aquela sensação de se sentirem “parte” da turma, como se fossem também membros da ‘entourage’ do artista, tendo acesso a um olhar privilegiado sobre uma realidade que é desfrutada por tão poucos. Entourage: Fama e Amizade, no entanto, não explora esse lado, preocupando-se mais em alternar sua atenção em subtramas que não vão a lugar nenhum – o bonzinho que vai ser pai e está viciado em sexo, o ex-gordo que quer convidar a lutadora Ronda Rousey para sair, ou o irmão fracassado que talvez tenha encontrado, enfim, sua grande chance. É curioso perceber, também, que de todos talvez o que menor destaque tenha seja o próprio Grenier, com uma presença apagada e sem muito carisma. Por isso que a resolução do conflito principal acaba sendo tão morna e sem graça.

Dá pra entender o interesse de Wahlberg, enquanto produtor, em querer explorar até a última gota sua criação. Porém Entourage: Fama e Amizade é nada mais do que um encerramento, um ponto final, um melancólico adeus. É uma despedida que falha justamente pela falta de brilho, em que tudo se passa quase sem maiores emoções, investindo apenas no seguro e confirmado. Não aumentou-se a dimensão das situações, nem mesmo os eventos envolvendo os protagonistas – para se ter uma ideia, o longa tem seu clímax na festa do Globo de Ouro, que nada mais é do que o primo pobre do Oscar! Em resumo, termina no momento certo, e sem deixar saudades.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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CríticoNota
Robledo Milani
5
Ailton Monteiro
6
MÉDIA
5.5

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