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Sinopse
Um rapaz rico se apaixona por uma jovem fora do seu círculo social. Mas, esse possível conto de fadas desmorona quando ela some misteriosamente. Um detetive surge no horizonte para tentar resolver o mistério.
Crítica
O suspense Entre segredos e mentiras pode ser considerado um passo em falso nas carreiras em ascensão dos protagonistas Ryan Gosling e Kirsten Dunst. Ele tem tido uma performance mais elogiada do que a outra deste o ano passado, com Namorados para Sempre (pelo qual foi indicado ao Globo de Ouro como Melhor Ator), a divertida comédia romântica Amor à Toda Prova e os ainda inéditos – mas muito aguardados – Drive e Tudo Pelo Poder (filmes que o colocam desde já entre os prováveis candidatos ao Oscar 2012). Já ela acabou de ter sido escolhida como Melhor Atriz no Festival de Cannes pelo polêmico Melancolia, e tem mais quatro projetos para serem lançados no ano que vem. Neste meio tempo, no entanto, arrumaram alguns meses para se dedicarem a esse projeto, que foi tão mal recebido pela crítica norte-americana que acabou sendo lançado por lá diretamente em DVD. Agora, quase um ano depois, chega aos nossos cinemas apenas para ocupar espaço enquanto algo mais interessante não aparece.
Entre segredos e mentiras é o trabalho de estreia em ficção do diretor Andrew Jarecki, indicado ao Oscar em 2003 pelo documentário Na Captura dos Friedmans. E mesmo tendo outro ambiente de registro, o material é bastante similar entre os dois projetos: ambos partem de histórias reais sobre famílias que viviam sob uma rede de hipocrisia, vendendo uma imagem para a sociedade, enquanto que dentro de suas casas a verdade era outra, bem diferente. Dessa vez trata-se do caso até hoje sem solução do desaparecimento de Katie Marks, esposa de um herdeiro da fortuna Marks, de Nova York, em 1982. Ele, rico e poderoso. Ela, simples e sonhadora. Ele traumatizado pela morte da mãe, que se suicidou em frente ao filho quando este era ainda criança, e pelo tratamento frio que sempre recebeu do pai. Ela, vinda de pais presentes e amorosos, de um irmão que sempre esteve ao seu lado e de uma carreira na medicina que tinha tudo para ser mais do que somente uma promessa. Dois mundos distantes que aos poucos foram entrando em colapso a partir do momento em que se cruzaram.
O filme se desenvolve em dois tempos: o atual, com David Marks (Gosling), já velho, prestando um depoimento no tribunal, e nos anos 70, quando ele e Katie (Dunst) se encontraram pela primeira vez. A paixão foi imediata, e mesmo contra a vontade do pai dele, os dois logo começaram a namorar. Com o passar dos anos, no entanto, foram se distanciando: ele queria viver no interior, afastado de tudo e todos, mas não conseguiu resistir à pressão familiar e retornou à cidade grande para assumir os negócios; ela, por sua vez, queria se dedicar aos estudos e ter filhos, duas ideias que desagradavam ao marido. Esse desenlace se passa a primeira metade do filme, que é indiscutivelmente superior à segunda. Depois vem o desaparecimento dela, em situações nem tão misteriosas – o diretor não deixa a menor dúvida em sua vontade de culpar o principal suspeito, David – e uma série de outros crimes e contravenções que só aumentam a sensação de injustiça, paranóia e conspiração. O velho clichê de que ricos podem tudo e nunca são pegos. E sem nenhuma sutileza em explorar esse caminho já tão desgastado.
Gosling começa muito bem, mas lá pelas tantas fica completamente perdido, sem uma orientação mais forte, e tudo o que consegue é entregar caretas e carrancas. Dunst, por outro lado, tem um frescor envolvente, e sua personagem é a mais interessante de toda a história. Mas o problema mesmo é a inabilidade do cineasta em reconstruir em elementos ficcionais uma trama que na realidade tinha tudo para ser única, mas que aqui termina por se mostrar corriqueira e ordinária. Se no registro documental ele se saiu muito bem, no âmbito da ficção tem um caminho longo a percorrer. E Entre Segredos e Mentiras é a prova definitiva disso.
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