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Sinopse
Amigas de longa data viajam para os vinhedos de Napa Valley, na Califórnia, para comemorarem o aniversário de 50 anos de uma delas.
Crítica
Amy Poehler é um dos rostos mais conhecidos da televisão norte-americana, principalmente pelo sucesso da série Parks and Recreation (2009-2015) ou pelas parcerias com Tina Fey em filmes como Uma Mãe Para o Meu Bebê (2008) e Irmãs (2015) – além de terem apresentado juntas a festa do Globo de Ouro em mais de uma ocasião. O que muita gente não sabe, no entanto, é que ela é bastante ativa também nos bastidores, tanto na direção como, principalmente, como roteirista. E não está sozinha: na verdade, faz parte de um grupo de mulheres que atuam em várias frentes. Em Entre Vinho e Vinagre, sua estreia como realizadora em longa-metragem, o que ela faz é colocar lado a lado muitas dessa grande turma para um projeto que tinha tudo para ser, no mínimo, inebriante, mas tudo o que consegue é deixar um gosto azedo mesmo entre os seus maiores admiradores.
A ideia é simples: um grupo de amigas se reúne para passar o fim de semana de aniversário de uma delas na região da Napa, na Califórnia. Em termos de comparação, é mais ou menos como se estivessem no Vale dos Vinhedos, na Serra Gaúcha. No entanto, não estão ali por serem grande admiradoras de vinhos – em uma das poucas cenas em que aparecem participando de uma degustação da bebida em uma vinícola, parecem mais preocupadas em ficarem alcoolizadas o mais depressa possível do que em desfrutar as inúmeras variedades de sabores que ali estão ao dispor delas. Tanto é que, ao serem confrontadas com sommeliers e conhecedores do assunto, demostram ter o mínimo de paciência para apresentações e justificativas, ignorando os tratos locais na maior parte do tempo. Como se grosseria e falta de educação fossem motivos de riso.
O maior embaraço de Entre Vinho e Vinagre, no entanto, está no roteiro, absolutamente esquemático – e olha que estamos falando de um filme no qual quatro das sete protagonistas são mais reconhecidas como roteiristas do que como atrizes! Além de Poehler, estão ao seu lado também a própria Tina Fey – criadora de séries como Unbreakable Kimmy Schmidt (2015-2019) – como a dona da casa que as amigas alugam, Emily Spivey (vencedora de um Emmy por Saturday Night Live, 2002) e Paula Pell (que também ostenta um Emmy em sua prateleira pelo mesmo programa). Junto a elas estão a geralmente ótima Maya Rudolph e as não tão conhecidas Ana Gasteyer (Este é o Meu Garoto, 2012) e Rachel Dratch (Esposa de Mentirinha, 2011). Essa última é o motivo do reencontro – está completando 50 anos, o que deveria servir como estímulo a um balanço em suas vidas – e o que as liga também soa bastante frágil – muitos anos atrás, quando estavam no início de suas vidas profissionais, trabalharam como garçonetes na pizzaria do Antonio. Mais ou menos como Três Mulheres, Três Amores (1988), porém sem Julia Roberts.
E ainda que estejam mais uma vez juntas, mesmo que apenas por três dias, não demora para que fique claro que cada uma possui sua própria agenda de problemas a serem resolvidos. Rebecca (Dratch) se recusa a aceitar o passar dos anos – e lidar com o marido que não a trata com o devido respeito – assim como Catherine (Gasteyer) está sempre no telefone, ocupada com o trabalho, sem tempo para se dedicar às amigas. Val (Pell) é a lésbica que invariavelmente se vê apaixonada por garotas muito mais novas, enquanto que Jenny (Spivey) nunca sabe ao certo o que realmente quer. Naomi (Rudolph) está à espera do resultado de um exame que pode (ou não) lhe dizer se está com câncer, e Abby (Poehler) foi demitida e joga toda a sua energia na organização do fim de semana, mesmo que tanta cobrança acabe gerando mais stress do que alegria. Por fim, Tammy (Fey), a última a se integrar à irmandade, deixa claro que nem sempre estar sozinha é a melhor opção.
São questões leves, que poderiam ser tratadas com graça e sensibilidade, mas terminam por se revelar não mais do que simplórias, tal é o descaso como são abordadas. Basta verificar a sequência na exposição de arte, que tenta a todo custo ridicularizar os esforços dos jovens em prol do ‘suor’ das mais velhas – como se talento tivesse a ver com uma coisa ou outra. Caminhando por linhas bastante tênues como a que se observa nessa passagem, Entre Vinho e Vinagre serve de exemplo de como os méritos, por si só, não garantem bons resultados. Para tanto, é necessário um propósito concreto e bem estabelecido, tudo o que por aqui inexiste. E assim, não indo além do genérico, o passeio que tinha tudo para ser inesquecível se mostra não mais do que medíocre, um deslize ainda maior diante dos nomes envolvidos.
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