Epa! Cadê o Noé?
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Toby Genkel, Sean McCormack
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Ooops! Noah is Gone...
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2015
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Alemanha / Bélgica / Luxemburgo / Irlanda / EUA
Crítica
Leitores
Sinopse
Animal de uma espécie não selecionada para entrar na Arca de Noé, Finny vai ter de fazer novos amigos para sobreviver à voracidade dos predadores que também ficaram para trás.
Crítica
Normalmente, histórias bíblicas são trazidas ao público infantil por produtoras e instituições especialmente voltadas à catequização de seus devidos braços do cristianismo. Por mais que não passem de aventuras fantasiosas tão ficcionais quanto A Era do Gelo (2002) ou Procurando Nemo (2003), contos como o da Arca de Noé, resgatado em Epa! Cadê o Noé?, ou o de Moisés e o êxodo de escravos mostrados em O Príncipe do Egito (1998), trazem consigo uma associação irreparável à religiosidade.
Aí começa o problema, pois se por um lado, assim como Noé (2014) ou Êxodo: Deuses e Reis (2014), Epa! Cadê o Noé? também trata dessas histórias como nada mais do que tramas de fantasia tão mágicas e improváveis quanto Harry Potter ou O Senhor dos Anéis, por outro, ao contrário dos filmes dirigidos por Darren Aronofsky e Ridley Scott, essa animação é voltada para crianças. E, diferentemente, dos bruxinhos de Hogwarts, dos peixinhos perdidos na Oceania ou dos hobbits da Terra Média, seus personagens e cenários servirão àquelas mesmas instituições mencionadas no início para embasarem os seus dogmas já amplamente aceitos e propagados inadvertidamente, direcionando imagens e conceitos, que deveriam pertencer ao abstrato ficcional dessas cabecinhas em formação, para o seu imaginário factual.
Mas, com sorte, a maior parte do público infantil irá conseguir se safar desses efeitos colaterais e se divertir com o filme, afinal, Epa! Cadê o Noé? se destaca ao não deixar que seu público-alvo defina o nível de sua abordagem, como equivocadamente outras tantas produções do gênero acabam fazendo. De piadas visuais que brincam com videogames, tornando a narrativa mais interessante, até arcos e conflitos de personagens que se baseiam na adaptação evolutiva (!) – criacionistas vão ter um treco – a animação está repleta de bons momentos que justificam a sua existência.
Contando a história de Finny, uma espécie de mini elefante colorido que é deixado para trás durante o grande dilúvio – mandado por ninguém, aliás, já que a palavra ou mesmo a ideia de Deus jamais é mencionada – o projeto emprega ainda inventividade visual às concepções de seus personagens e cenários – por mais que o conceito de alguns deles sejam reciclados de Avatar (2009) – demonstrando uma qualidade técnica que é ainda mais admirável por não ter sido possibilitada pelos grandes estúdios hollywoodianos. Fica, portanto, aquele porém da carga dogmática que vem junto com nomes como Noé e Moisés, mas que não são suficientes para desmerecer o eficiente esforço desse exemplar.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Yuri Correa | 6 |
Francisco Russo | 5 |
MÉDIA | 5.5 |
Vamos analisar a partir do público alvo, que neste caso são crianças. Não analise as coisas a partir, apenas, de seu ponto de vista, fica muito limitado. Outra coisa, qual o problema do filme fazer associação a personagens bíblicos. É uma cultura como outras que precisa ser respeitada.
Cara, esse é um filme para CRIANÇAS. Elas não tão nem aí se na barca estivesse Buda ou Maomé.Elas, com essa idade, vão ao cinema para se divertir. Quando você faz um comentário para uma animação direcionada ao público infantil, você deve olhar o mesmo com os olhos de uma criança e não como um adulto. Abraços!