Crítica
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Sinopse
Um diretor parte rumo ao inesperado apenas munido de sua câmera. Guiado pela intuição, ele parte de uma imagem ao despertar numa manhã de carnaval e segue por cinco dias ao sabor dos ventos dos encontros.
Crítica
Há muitas formas de se viajar em um filme e Errante oferece chances de se transportar em diversos sentidos. O longa nasce de um experimento do realizador Gustavo Spolidoro (Ainda Orangotangos, 2007) que se prontifica a filmar sozinho algo que tenha sonhado na noite anterior e, a partir daí, deixar-se levar.
Dessa proposta inicial de coragem, nasce um documentário road movie improvisado. O fluxo de pensamentos que Gustavo explicita na narração permite que o espectador viaje para dentro de sua mente. Nesse sentido, a disposição do autor de aceitar mudanças é essencial para o funcionamento do longa. Com o passar dos dias (e encontros), Spolidoro sai de Porto Alegre e vai parar no interior do Rio Grande do Sul. Há, portanto, um deslocamento geográfico em outra forma de viagem que a sessão media. Pelo caminho, acumula entrevistas, histórias, paisagens e imagens de alta diversidade, algo que só se encaixa com essa jornada libertária a qual Gustavo se submete.
Se as rédeas são soltas na captura, Errante mostra um rigor na montagem para equilibrar a receita. A intenção é sempre deixar o filme com um tom leve e seu diretor-protagonista com uma aura amistosa. Essa relação positiva com o público é essencial para o funcionamento do filme de viagem compartilhada. O apuro da pós-produção também está na escolha da trilha, que abre com “Waitin’ for a Superman”, de Iron & Wine; e na utilização de imagens extra, como reportagens televisivas, propaganda eleitoral e abertura de seriados. Esses elementos somam à leveza do filme e o deixa com uma linguagem mais atual, que permite que espectadores iniciantes entrem em uma experimentação de fazer cinema.
Esse é o ponto mais elogiável de Errante: Um Filme de Encontros, uma prova de que o cinema autoral e ousado não precisa afugentar o público. O problema é que ampliar o escopo da mensagem é algo que só é obtido com suor e criatividade, algo que nem todos os realizadores estão dispostos a ceder.
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