Crítica
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Sinopse
Violet é uma menina adolescente que sonha em ser popstar e escapar da cidadezinha onde mora e de sua família desajustada. Com a ajuda de um inusitado mentor, entra em uma competição internacional de canto, mas seu caminho para o estrelato ainda tem muitos testes pela frente.
Crítica
Há não muito tempo, o ator Brady Corbet decidiu que seu segundo trabalho como realizador, em Vox Lux: O Preço da Fama (2018), se ocupasse da ascensão e o ocaso de uma estrela da música pop. Pois agora o também ator Max Minghella, em seu primeiro esforço como cineasta, seque o mesmo caminho em Espírito Jovem. Chega a ser impressionante como os dois projetos são similares. Talvez a maior diferença seja o fato de Max, filho do vencedor do Oscar Anthony Minghella (O Paciente Inglês, 1996), ainda se revelar um pouco acanhado – afinal, é sua estreia na função – e por isso decida ficar pela metade: seu filme se ocupa apenas com a subida, deixando as consequências das decisões necessárias para se chegar ao topo para um outro momento. Isso não apenas confere ao seu trabalho um viés mais acanhado, mas também inegavelmente ingênuo.
Quem conhece Marius De Vries – que esteve envolvido com as trilhas de Moulin Rouge: Amor em Vermelho (2001) e La La Land: Cantando Estações (2016) e tem longa colaboração com artistas como Madonna e Bjork – sabe o que esperar de um filme cuja produção musical é assinada por ele. E é bem o que se encontra em Espírito Jovem: um visual fortemente calcado nas diretrizes que estabeleceram o videoclipe neste século. Sua influência, no entanto, não se percebe nos momentos mais discretos, quando acompanhamos a infeliz rotina de Violet (Elle Fanning), uma garota que mora em um pequeno vilarejo na Ilha de Wright, no sul da Inglaterra. Desde que o pai as deixou, vivem apenas ela e a mãe, dividindo seu tempo entre cuidar dos animais do pequeno sítio que possuem, os estudos e o trabalho como garçonete num restaurante que pouca gente frequenta, mas que lhe garante um dos poucos momentos de prazer do dia, quando o microfone do karaokê fica livre e lhe é permitido cantar para os poucos fregueses.
Tudo muda, portanto, quando a garota solta a voz. É nesse ponto que Minghella abre espaço para De Vries fazer o que sabe melhor. Assim, o mundo cinza da protagonista explode em cores e sensações, recriando canções famosas, como E.T. (de Katy Perry) ou Lights (de Ellie Goulding), para que se adaptem ao tom vocal de Fanning. Mesmo assim, são passagens isoladas, em que o filme ameaça oferecer uma recarga de energia que nunca chega a se completar. Muito disso se deve à interpretação apática de Elle Fanning. Na sinopse, sua personagem é descrita como uma “adolescente tímida”, mas o que é exibido em tela é alguém sem ânimo, nem vontade. Aqui ela repete o mesmo olhar de nada já visto em Demônio de Neon (2016) ou Um Lugar Qualquer (2010), sem, no entanto, uma mão firme por trás que tenha algo a dizer com tal performance – como fora com Nicolas Winding Refn ou Sofia Coppola, por exemplo.
Assim, sem uma protagonista com a qual se possa simpatizar ou um diretor que tenha claro o que pretende com sua obra, resta pouco a Espírito Jovem além dos bons momentos musicais e a participação surpresa de Zlatko Buric (2012, 2009), que surge como um bêbado derrotado que esconde um passado de glórias no mundo da música. Ao assumir uma postura paternal, ele deveria oferecer o contraponto ao mundo aparentemente corrompido da indústria musical, e para tanto Rebecca Hall, como uma empresária repleta de segundas intenções, até se esforça para criar um antagonismo. Tanto um, quanto a outra, possuem pouco em mãos. É possível perceber que, com um material diferente, ambos iriam muito além. Não é o caso, infelizmente.
Cheio de pontas soltas – o que Vlad realmente queria? Qual a influência do abandono paterno na vida da garota? O que desejam os participantes do concurso que a levará ao estrelato e por quê tentam sabotá-la? – e uma constante indecisão entre abraçar o conto da Cinderela ou apostar no seu potencial crítico, Espírito Jovem promete muito, mas alcança pouco. Pode-se dar um desconto por ser um longa de estreia, mas sua proximidade com outro drama de ambições semelhantes – e resultados muito superiores – esvaziam suas chances de permanecer na memória de qualquer um mais atento na audiência. E mesmo a breve excitação que chega a vislumbrar logo é soterrada por uma sequência de clichês e obviedades. Bonitinho, mas bem ordinário.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 5 |
Chico Fireman | 6 |
MÉDIA | 5.5 |
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