Crítica
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Sinopse
Dave é advogado e pai de família. Mitch é um solteirão sem rotina. Depois de uma noite de bebedeira, inexplicavelmente, acordam um no corpo do outro. Os dois terão a oportunidade de sentir na pele as rotinas alheias.
Crítica
No início de 2011, Ryan Reynolds e Jason Bateman eram apontados como mais os prováveis candidatos a astros do ano. Isso porque cada um tinha dois grandes filmes em produção para os meses seguintes: Reynolds em Lanterna Verde, Bateman em Quero Matar Meu Chefe. E, claro, ambos nesse Eu Queria Ter a sua Vida. Os anteriores, se não saíram tão bem quanto o esperado, também estão longe de serem fracassos. Ao contrário desse último, um desastre tão grande – de público e de crítica – que por pouco não manchou a carreira dos seus protagonistas. O que seria uma pena se acontecesse, pois os culpados na verdade são os roteiristas Jon Lucas e Scott Moore e o diretor David Dobkin, que pegaram um material absolutamente clichê não foram capazes de transformá-lo em algo novo e atraente.
Chega a ser curioso, portanto, perceber que são esses nomes que merecem o principal destaque no cartaz do filme – que é apresentado como obra “dos mesmos roteiristas de Se Beber Não Case e do mesmo diretor de Penetras Bons de Bico”! Essa turma até pode ter acertado antes – eu, particularmente, considero Se Beber uma das melhores comédias dos últimos tempos, ao contrário de Penetras, que é bem mediano – mas dessa vez errou feio. Afinal o mote da troca de corpos já foi tantas vezes mostrado no cinema, com as mais infinitas variabilidades, que para se arriscar nesse campo mais uma vez é imprescindível contar com algo relativamente inédito, que desperte a atenção do público. Algo que, definitivamente, aqui não acontece.
Marido já trocou com a esposa (Se Eu Fosse Você), mãe com a filha (Sexta-feira Muito Louca), pai com filho (Tal Pai, Tal Filho), criança em corpo de adulto (Quero Ser Grande e De Repente 30), homem com mulher (Garota Veneno), rapaz com moça (Coisas de Meninos e Meninas)... ou seja, são tantas as possibilidades já exploradas que um simples “amigo casado troca de corpo com amigo solteiro” não é dos mais interessantes. E Eu queria ter a sua vida nem se preocupa muito em disfarçar essa carência. Os dois – Dave (Bateman) e Mitch (Reynolds) – são tão parecidos que depois que a troca acontece fica até difícil reconhecermos de imediato quem é quem. Um é um advogado de sucesso, bem casado e com três filhos pequenos – inclusive um casal de gêmeos. O outro é um kidult (adulto-criança), já na faixa dos 30 anos mas que continua vivendo como adolescente, sem responsabilidades em relacionamentos mais fixos – nem amorosos, nem familiares. E de uma hora para outra são obrigados a lidar com a realidade nem tão oposta assim. O estranhamento é tão mínimo que com um mínimo de esforço eles não só o superam como passam a desejar não mais retornarem ao que eram antes. Original, não?
Desde A Proposta, Ryan Reynolds tem se mostrado um ator versátil, carismático e dono de um talento digno de star quality. Jason Bateman, por sua vez, é alguém que sempre esteve meio que fora do radar, atuando como coadjuvante, sem muitas chances de brilho – mas sempre competente, profissional e interessante de se ver. Essa reunião, no entanto, não faz jus ao que ambos podem oferecer. Mas o pior mesmo é o tom de comédia adotado pela produção, que tenta provocar graça com escatologia e palavrões, explicitando tudo o que poderia ser simplesmente sugerido, sem deixar espaço para qualquer sutileza ou demonstração de inteligência por parte da audiência. E sem termos com o que contribuir, só nos cabe o esquecimento. E, de preferência, o mais rápido possível.
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