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Crítica


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Sinopse

Quando está prestes a se casar, Peter percebe que não tem um grande amigo a quem convidar para ser padrinho. Ele conhece Sidney, mas os dois se tornam tão próximos que esse relacionamento ameaça o vínculo com a noiva.

Crítica

Eu Te Amo, Cara é uma típica comédia romântica. Com apenas um diferencial. O romance se passa entre dois homens. E detalhe: eles são heterossexuais! Ou seja, estamos falando, na verdade, do surgimento da amizade masculina. E esta visão, poucas vezes explorada no cinema comercial, faz toda a diferença. Os arquétipos básicos estão todos presentes, os clichês mais previsíveis, o esquema encontro – paixão – briga – união se mantém fiel às mais sagradas diretrizes do gênero e tudo o mais ocorre conforme o esperado. Então, por que é tão bom? Simplesmente porque não trata de nenhum absurdo, e sim de algo completamente identificável por qualquer um de nós. E com uma sintonia tão perfeita assim, é quase impossível não se soltar e rir do início ao fim!

A trama é bastante simples: homem (o ótimo Paul Rudd, de Nem Por Cima do Meu Cadáver, 2008), prestes a casar, se dá conta que não possui nenhum ‘melhor amigo’ para convidar para ser seu padrinho, seu ‘best man’, como é dito nos Estados Unidos. Receando que a noiva o ache muito estranho por isso, decide sair em diversos ‘encontros’ com homens até então desconhecidos na busca por um amigo verdadeiro. Neste processo ele terá a ajuda do irmão gay (Andy Samberg, comediante do Saturday Night Live), dos pais (J.K. Simmons, de Recém Chegada, 2009, e Jane Curtin) e até da internet! Claro que neste processo muita confusão irá acontecer, como cruzar com tipos realmente bizarros ou ser confundido em suas verdadeiras intenções. Mas tudo muda quando, ao acaso, ele acaba conhecendo Sydney Fife (Jason Segel, de Ressaca do Amor, 2008), um tipo diferente com quem acaba se afeiçoando. E, claro, a amizade entre os dois será construída aos poucos, passará por provações e desafios, mas apenas para se consolidar como algo único em suas vidas.

O diretor e roteirista John Hamburg nunca tinha demonstrado em seus trabalhos anteriores, seja atrás das câmeras (Quero Ficar com Polly2004) ou apenas no texto (Zoolander2001) tamanha habilidade com a comédia simples e franca. Aqui não há invencionices ou reviravoltas mirabolantes – o que acontece é o mais previsível e banal, e justamente por isso absolutamente brilhante. O grande destaque, além das performances inspiradas dos dois protagonistas, são os diálogos, absurdamente hilários e honestamente cômicos. Eu Te Amo, Cara é garantia de riso certo por duas horas seguidas. É daqueles filmes que nos fazem sentir melhor enquanto ser humano, como se tudo fosse possível quando dotados de um sorriso no rosto e de uma companhia fiel ao nosso lado!

Sucesso de público nos Estados Unidos (ao ser lançado, em março, ficou direto no topo das bilheterias, e após dois meses em cartaz já havia arrecadado mais de US$ 70 milhões), esta é daquelas preciosidades que precisa ser descoberta pelo público internacional – pelo fato do seu elenco, na maioria, ser mais conhecido por trabalhos na televisão do que no cinema (nomes como Jaime Pressly, da série My Name is Earl, e Lou Ferrigno, o mítico Incrível Hulk2008, são outros extras). O boca a boca certamente será o melhor possível, e se houver tempo é provável que o desempenho por aqui seja igualmente satisfatório. Mas, no caso disso não acontecer, o melhor mesmo é ir correndo conferir esta que é, desde já, uma das melhores comédias do ano. Um verdadeiro tesouro a ser descoberto – e, desta vez, principalmente pelos homens!

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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