Exército de Ladrões: Invasão da Europa
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Matthias Schweighöfer
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Army of Thieves
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2021
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Alemanha / EUA
Crítica
Leitores
Sinopse
A vida de um bancário muda da água para o vinho quando uma mulher misteriosa o recruta para um grupo que conta com alguns dos criminosos mais procurados do mundo. A ideia é arrombar cofres europeus superprotegidos.
Crítica
Exército de Ladrões: Invasão da Europa é um derivado de Army of the Dead: Invasão em Las Vegas (2021). Na verdade, se trata de um prequel, ou seja, apresenta evento anteriores à superprodução comandada por Zack Snyder. O novo filme coloca como protagonista o arrombador Dieter (Matthias Schweighöfer, também diretor dessa empreitada), rapaz construído com base num arquétipo bastante utilizado em Hollywood. Ele é o sujeito de vida medíocre que tem habilidades extraordinárias ignoradas por um mundo um tanto ignorante. Ninguém assiste aos seus vídeos empolgados sobre as lendas da construção de cofres míticos. Tampouco a sua habilidade de abrir trancas aparentemente invioláveis é útil no seu trabalho burocrático diário como bancário. Portanto, seguindo os passos desse modelo, podemos esperar que o personagem floresça na companhia de novos colegas que precisam justamente de alguém com seus conhecimentos específicos. E isso acontece, mas de maneira burocrática, inclusive com ele verbalizando a novidade da felicidade e toda a excitação de ter finalmente uma rotina movimentada. Outro desperdício é a anulação da obsessão como motor da jornada. Dieter é verdadeiramente apaixonado por uma série de quatro cofres criados por um conterrâneo. É afirmado que ele aceita a missão pela raríssima oportunidade de conhecer essas maravilhas. Mas isso não dura muito.
Assim como na produção anterior, aqui estamos inequivocamente no terreno surrado dos filmes de assalto. O roteiro assinado por Shay Hatten não apenas segue os pressupostos desse molde narrativo, mas também faz questão de expressar uma inofensiva autoconsciência sobre isso. Em pelo menos dois momentos de Exército de Ladrões: Invasão da Europa os personagens falam como se tivessem plena noção de que suas vivências são mais próximas do cinema do que da realidade. E o que essa piscadela ao espectador quer dizer? Pouco, muito pouco. No fim das contas, se trata somente de um elemento descartável. Voltando à jornada de Dieter, ela tem quase todos os elementos que dela se pode esperar, isso tendo em vista os lugares-comuns que evidentemente lhe servem de inspiração: Dieter é um rapaz fisicamente frágil, adiante confrontado por um oponente de porte imponente, mas que acaba sobressaindo por ter um propósito transcendente. Aliás, é uma pena que o realizador nem ao menos insista no vínculo estabelecido entre o protagonista e a femme fatale Gwendoline (Nathalie Emmanuel) a partir do desejo em comum de entrar para a História por um feito exuberante. Diferentemente do brutamontes apaixonado por filmes de ação, cujo anseio é basicamente financeiro, o casal afirma ser motivado pelo desafio enorme. E toda essa gente é perseguida por um policial. O mais bizarro é que sem essa caçada empreendida por um homem da lei determinado, o filme seria praticamente o mesmo.
Enquanto Dieter tem espaço para expressar sua paixão por cofres baseados em O Anel do Nibelungo – ciclo de quatro óperas épicas do compositor alemão Richard Wagner –, Gwendoline parece se encaixar meio forçadamente nesse idealismo. Não fica exatamente claro se ela é estimulada por realizar o impossível ou se a emoção adolescente de roubar foi resgatada ao conhecer o mocinho. Ainda sobre os personagens de Exército de Ladrões: Invasão da Europa, os demais apenas cumprem tabela, como se diz no jargão futebolístico em referência às partidas que nada valem. Temos em cena o caricatural Brad (Stuart Martin), a nerd brasileira Korina (Ruby O. Fee) – com direito, lá pelas tantas, a um retumbante “vai tomar no cu”, em bom português – e o mais inútil dos elementos do filme: Rolph (Guz Khan). Celebrado como motorista capaz de proezas automobilísticas notáveis, ele é visto estritamente sentado diante do volante e não faz diferença nas escapadas. Aliás, por que cargas d´água num filme de ação, com várias possibilidades de fugas vibrantes, quase sempre o escolhido para o serviço é um pesado e lento veículo utilitário? A questão do espaço é determinante, evidentemente. Mas, brincadeiras à parte, é outra característica que invalida completamente o às no volante.
Matthias Schweighöfer parece mais preocupado em fazer jus à inclinação de Zack Snyder por uma estética chamativa. No entanto, não demora muito em Exército de Ladrões: Invasão da Europa para ficar evidente que o alemão ainda precisa comer muito feijão com arroz. Estamos diante de um filme de assalto genérico, com passos previsíveis, desperdícios constantes e uma incapacidade de valorizar as potencialidades. O primeiro assalto já é enfadonho: enquanto rola a ação, alguém narra o que está acontecendo/vai acontecer. Passado e presente se fundem numa brincadeira narrativa que tem como efeito colateral o esvaziamento da tensão. Outro ponto negativo é a forma como o cineasta mostra a relação entre Dieter e os cofres sagrados. As dinâmicas são sempre do mesmo jeito: Dieter chega, coloca uma ópera para tocar, Gwendoline o observa com ceticismo, um efeito digital mostra as engrenagens se encaixando como se obedecessem magicamente ao ritmo da música, e o sucesso é garantido. Não há a construção de uma noção real de perigo ou a mínima dúvida sobre o êxito das empreitadas. Lá pelas tantas, a delicadeza da relação homem/cofre é mandada às favas para um arrombamento em movimento tentar gerar algo ligeiramente diferente. Mas, o resultado é sonolento, ou seja, não muito diferente de seu grandiloquente antecessor Army of the Dead: Invasão em Las Vegas.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Marcelo Müller | 4 |
Leonardo Ribeiro | 5 |
MÉDIA | 4.5 |
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