Crítica
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Sinopse
Crítica
Michael Peña é um nome de confiança em Hollywood. Ele é aquele coadjuvante que sempre acrescenta, sem, no entanto, ofuscar o brilho do astro principal. Já esteve em filme vencedor do Oscar (Crash: No Limite, 2004) e apareceu ao lado de super-herói da Marvel (Homem-Formiga, 2015), faz drama (Beleza Oculta, 2016) e comédia (Férias Frustradas, 2015), filme de guerra (Corações de Ferro, 2014) e de terror (Exorcistas do Vaticano, 2015). Ou seja, se dá bem em qualquer gênero, independente da companhia. Ele só não havia, ao menos até agora, sido escolhido para ser o protagonista da história. E se isso muda com Extinção, por um lado é de se comemorar que não seja uma figura estereotipada, que nem chega a mencionar sua origem latina, por exemplo. No entanto, não custava nada ser um projeto melhor acabado, e não apenas mais uma dessas fórmulas prontas que a Netflix parece estar encomendado pelo atacado entre as produções originais da sua plataforma de streaming.
Peter é um operário de uma grande fábrica que não tem dormido direito devido ao mesmo sonho que tem se repetido todas as noites. A esposa, Alice (Lizzy Caplan), lhe disse que deveria ir se consultar em um psicólogo, mesmo conselho, aliás, do seu patrão, David (Mike Colter, de Luke Cage, 2016-2018). Ele não parece convencido, no entanto, principalmente porque a cada incursão por este suposto pesadelo ele parece descobrir mais a respeito daquela realidade, quase como um alerta que tem se manifestado em seu subconsciente toda vez que vai para a cama. E o que revelam essas imagens? Nada menos do que uma invasão alienígena, que surge aparentemente sem avisos, mas chega dando início a uma guerra sem possibilidade de trégua, na qual os sobreviventes serão apenas aqueles que conseguirem fugir mais rápido. O medo de que esta premonição de fato se concretize o coloca contra a família e amigos, justamente por acreditar que, assim, estará se preparando para o pior.
Pois não demora para que fique claro que os sonhos de Peter não fazem parte de nenhum tipo de fantasia. E os elementos de estranheza estão por todos os lados, basta estar atento para percebê-los. Por exemplo, ainda que seja um funcionário de nível bem baixo no lugar onde trabalha, Peter e sua família moram em um belo e amplo apartamento, em uma região central de uma grande e moderna metrópole. Como isso é possível? As respostas, para essa e outras dúvidas, não são simples, mas também não chegam a ser as mais complexas. Neste cenário em que a trama é situada, um futuro utópico, as conquistas tecnológicas estão tão avançadas que questões básicas, como fome e pobreza, foram eliminadas. Trabalha-se por prazer, portanto. E se cada um faz o que bem quer da vida, qual seria a razão, portanto, para o surgimento desta ameaça?
Não basta afirmar que todos os problemas foram superados, pelo simples fato de não se ter mais que lidar com eles. O que desapareceu, percebe-se, pode não ter sido solucionado. Por um outro lado, talvez tenha sido mais fácil varrê-los para baixo do tapete – ou expulsá-los para a imensidão do espaço. Afinal, como diz o ditado, o que não é visto, também não é lembrado. Assim, talvez aquilo que Peter sonha como um possível futuro, de fato, possa ser tanto lembranças de um passado recente como, também, um sinal para que o mesmo não se repita. Seguindo esta lógica, os que estão, em teoria, atacando, assim o fazem motivados por algum desejo de vingança, um imperialismo desgovernado ou, num âmbito oposto, estariam estes apenas atrás do que lhes é de direito? Quando descobrimos que aqueles em quem confiamos não são quem pensamos ser, como saber para quem torcer?
O diretor Ben Young, mais habituado às produções televisivas e ao ambiente independente, parte de uma história escrita pelo estreante Spenser Cohen para oferecer à Extinção um aspecto de superprodução, quando, na verdade, o que se encontra é não mais do que uma trama dona de um único gatilho emocional. O que se apresenta no começo não é o que de fato está acontecendo, e quando a situação é finalmente esclarecida, ainda na metade da narrativa, o que resta ao menos serve para fazer com que o espectador questione suas próprias convicções. Se os efeitos especiais chamam atenção num primeiro momento, está no drama (nem tão) humano dos personagens o maior valor desta produção. Longe de ser perfeita em todas as suas ambições – ainda mais em sua segunda metade, desprovida de surpresas ou novidades – serve ao menos por estimular debates não muito comuns ao gênero. Nada que vá tirar o sono de alguém, mas com a certeza de que Michael Peña, até quando o tiro parece sair pela culatra, consegue fazer valer o esforço de prestigiá-lo.
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