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Crítica


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Sinopse

Convencida de que seu namorado fantasia com outras mulheres, Ariane pede para ele ter uma aventura com outra pessoa para salvar o relacionamento deles.

Crítica

Ele acorda pela manhã cheio de tesão pela mulher que dorme ao lado, sua namorada. O normal seria simplesmente virar para o lado e começar a acariciá-la, até que a adormecida cedesse aos encantos românticos dele e ambos partissem para o amor (ou sexo, se preferir). Isso é o que aconteceria se estivéssemos diante um drama, um romance sério ou mesmo uma história mais densa. O que, definitivamente, não é o caso de Faça-me Feliz, a primeira comédia do astro francês Emmanuel Mouret a ser exibida no Brasil. Além de interpretar o protagonista, ele também é autor do roteiro original e responde pela direção deste projeto que faz parte de um contexto maior, explorado em todas as suas obras: desvendar a natureza cômica das relações amorosas entre homens e mulheres. Antes havia feito Un baiser s’il vous plaît (2007), que poderia ser traduzido livremente como Um Beijo Por Favor, ao lado de Virginie Ledoyen (A Praia, 2000), e o mais recente é L’Art d’Aimer (2011), ou A Arte do Amor, sobre uma série de encontros e desencontros românticos. Ou seja, esse é o universo por ele perseguido, e aqui temos um bom exemplo do carinho e da ingenuidade com aborda o tema.

Vejamos o início da ação de Faça-me Feliz, como descrito anteriormente: ao invés de simplesmente beijar a namorada, ele passa a enfrentar diversos contratempos que terminam, primeiro, por acordá-la, e depois, por afastá-la da cama. A situação piora quando o telefone toca e ele atende, revelando logo em seguida, sem muita cerimônia, se tratar de uma desconhecida a qual havia entregue o próprio cartão alguns dias antes e que agora o procura interessada. Obviamente a companheira desconfia se tratar de uma amante, e recusa nenhuma dele o afastará da ideia. Porém, ao invés de se sentir magoada, traída ou injuriada, segue o caminho contrário: o obriga a sair com a estranha, pois somente assim qualquer ilusão que tenha será desfeita, fazendo com que volte aos braços dela arrependido. O que ela não imagina é que esse processo não será tão simples, e por um fato bastante inesperado: a suposta conquista dele é ninguém menos do que a filha do presidente do país!

Emmanuel Mouret é, como se pode imaginar, o grande destaque de Faça-me Feliz, e qualquer um que não simpatizar com sua imagem atrapalhada e ingênua deve desistir logo do filme, pois durante os próximos 90 minutos é tudo o que se tem pela frente. Sua personagem nos remete a tipos mais óbvios, como Charles Chaplin, Jacques Tati, Peter Sellers e até mesmo o nosso Renato Aragão, sem tanto escracho mas com um mesmo humor melancólico e pueril, provocando risos mesmo nas condições mais adversas. Adepto à estética non sense, chama atenção também alguns momentos particularmente absurdos, como o elevador que atende ao som ou o banheiro estilizado, que mesmo sendo previsível o desfecho, convence pela competência em sua realização. No mais, é um trabalho bobinho, que garante mais sorrisos do que gargalhadas. Atendendo ao título, realmente deixa o espectador mais leve – mas nunca esfuziante.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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Grade crítica

CríticoNota
Robledo Milani
5
Ailton Monteiro
8
MÉDIA
6.5

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