Sinopse
Dois amigos são emboscados. Um deles morre. O outro consegue voltar para casa. O sobrevivente começa a rememorar a vida do companheiro, sobretudo como ele tinha uma pré-disposição a colecionar inimigos.
Crítica
Quando o cinema brasileiro se envereda por gêneros que não lhe são íntimos, a saída mais inteligente é apropriar-se de referências estrangeiras e incutir brasilidade. Essa é a receita seguida por Faroeste. O filme começa com uma emboscada que mata Luís Garcia (Wladmir Winter) e deixa Juca (Dellani Lima) à beira da morte. De volta para casa e convalido, o homem relembra a jornada do amigo, que colecionou inimigos em seu caminho.
O enredo se passa no interior do Brasil do começo do século XX e a época aproxima a história ao gênero tipicamente estadunidense. A direção de arte cuidadosa dá conta da ambientação temporal, enquanto a direção de fotografia de Vinicius Brum (Cássia Eller, 2014) escura nos interiores e dourada nas externas cria o clima. Assim, as cenas parecem saídas de pinturas de Caravaggio e Almeida Jr.
A brasilidade se faz presente nos personagens, arquétipos de um Brasil do passado. Outro elemento que remete a nossa bagagem cultural é a escalação de dubladores veteranos para dar nova voz a esses personagens. Ao ouvir esses profissionais, o espectador irá se lembrar de sessões de produções hollywoodianas dubladas na programação televisiva de décadas passadas.
Outro ganho dessa escolha é um aprimoramento da interpretação dos atores de Faroeste, especialmente os coadjuvantes sem experiências regressas de atuação. O gestual traz movimentos inocentes, mas as vozes talentosas elevam o nível dramático. Na direção, Abelardo de Carvalho (Último Retrato, 2009) mostra segurança para criar suspense e faz bom uso de montagens paralelas cheias de simbolismo. No entanto, há alguma gordura no filme, que poderia ser mais sucinto, mas não compromete o mergulho nostálgico que Faroeste oferece.
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