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Sinopse
Fé para o Impossível: Renee Murdoch corria pela praia no Rio de Janeiro quando foi brutalmente atacada por um homem em situação de rua. Internada em estado gravíssimo e com perspectivas mínimas de recuperação, ela recebeu todo o apoio da sua família e do marido Philip, que compartilhou a luta de Renee com o mundo. Com Vanessa Giácomo e Dan Stulbach.
Crítica
A espiritualidade é tema que mobiliza audiências no cinema nacional. Do cristianismo ao espiritismo, não faltam apostas que exploram a dimensão da fé no contexto do entretenimento. As próprias instituições religiosas, muitas vezes, impulsionam tais iniciativas, como evidenciado nos polêmicos Os Dez Mandamentos (2016) e Nada a Perder (2018). No entanto, Fé para o Impossível agrega diferencial: a história se baseia em fatos (que podem ser checados, diferente do citado longa de 2018) e traz camada palpável ao drama. Mas, se o ponto de partida é instigante, a execução se rende ao melodramático sem nuances que o elevem.
A narrativa retorna ao início dos anos 2010 para abordar o caso da pastora evangélica norte-americana Renee Murdoch, violentamente atacada por um morador de rua com distúrbios psiquiátricos. Internada em estado grave, com mínimas chances de recuperação segundo os prognósticos médicos, sua história ganhou notoriedade através do marido, Philip, também missionário, que mobilizou uma rede de oração on-line. A reviravolta se deu quando Renee, contrariando expectativas, sobreviveu e demonstrou progressos surpreendentes. Assim, a produção se estrutura na perspectiva de que houve intervenção divina no ocorrido.
Dan Stulbach e Vanessa Giácomo assumem os papéis centrais, mas é ele quem sustenta o enredo. Sua parceira, alijada da ação desde os primeiros momentos, tem pouco espaço para desenvolvimento dramático. Cabe ao ator carregar as emoções e a progressão da trama, interagindo, sobretudo, com os filhos do casal, vividos por atores mirins de desempenho ainda inseguro e limitado. Stulbach, que já fez de tudo um pouco no ramo do entretenimento, entrega atuação segura, mas não encontra material que lhe permita aprofundar sua performance.
O principal entrave está na construção de Philip, moldado como personagem que fala quase exclusivamente por sentenças motivacionais. O roteiro o faz discursar como coach, seja em diálogos com a médica de Renee (Juliana Alves, restrita à função de “explicadora”), seja na interação com os filhos ou nas pregações. As falas soam prontas, esculpidas para extrair lágrimas do público. A trilha sonora, composta por Rudah Guedes e Pedro Sodré, reforça essa intenção ao ser utilizada de maneira enfática nos momentos-chave, tornando a experiência emocionalmente intensa, ainda que previsível. Aqui, vale destacar, até o mais cético está suscetível a mergulhar na proposta.
A combinação desses elementos resulta em história transmitida de forma convincente, mas excessivamente embalada em artifícios comovedores. Fé para o Impossível, em abordagem sentimental em detrimento de exploração mais profunda dos personagens, compromete o impacto narrativo. Afinal, sendo trama verídica, os envolvidos poderiam ser retratados de maneira mais humana, evitando a redução a figuras arquetípicas. O público receberá a mensagem, mas fica a dúvida: seria necessário recorrer tanto ao sentimentalismo para convencer?
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Victor Hugo Furtado | 4 |
Edu Fernandes | 3 |
Alysson Oliveira | 1 |
Marcelo Müller | 3 |
MÉDIA | 2.8 |
Já acho que quem carregou o filme nas costas foi justamente o elenco juvenil. Dan e Vanessa estão extremamente teatrais e caricatos, mas acho que puxam sardinha por serem globais. De verdade, ambos tiveram péssimos desempenhos.