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Sinopse

Quatro atrizes que estão na faixa dos 40 anos de idade se reúnem numa tarde para redigir uma peça teatral.

Crítica

Domingos Oliveira é um dos mais importantes cineastas brasileiros. Estreou na direção nos anos 1960 com o clássico Todas as Mulheres do Mundo (1966), estrelado pela inesquecível Leila Diniz. Depois de realizar mais de uma dezena de filmes para o cinema e para a televisão, se afastou para se dedicar a outros projetos no teatro e também como escritor. No final dos anos 1990, mais de vinte anos depois, voltou à sétima arte com Amores (1997), para logo em seguida realizar Separações (2002) e este Feminices. Os três títulos, aliás, compõem uma ‘trilogia informal’ do cineasta, reunindo temas e debates sobre relações amorosas e comportamentos sociais. Tudo muito específico, de acordo com tipo de personagem identificado com a zona sul do Rio de Janeiro. Mas com anseios e preocupações que os tornam, inevitavelmente, universais. A diferença, agora, é o foco feminino à discussão, algo que o próprio título já adianta.

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O mérito desta iniciativa é o modo quase único de fazer cinema que Domingos impôs a si próprio e a sua equipe. São projetos coletivos, ou seja, o filme é de todos, cada um aderindo como parceiro, dividindo mão-de-obra, gastos e lucros. Assim os custos se minimizam ao máximo, aumentando, conseqüentemente, as possibilidades da produção. Feminices é um bom reflexo desta condição. Baseado na peça Confissões das Mulheres de 40, de Clarice Niskier (que também aparece no filme como atriz), encenada nos palcos cariocas em 2003, o longa é mais um semi-documentário, podendo ainda ser interpretado como um making of das filmagens de um filme que, na verdade, nunca será realizado, já que a feitura dele é que o compõe.

Domingos pegou o texto da peça e disse para as quatro atrizes (Priscilla Rozenbaum, Dedina Bernardelli, Cacá Mourthé e Clarice Niskier): improvisem em cima e me entreguem um roteiro de cinema. As reuniões das quatro se estenderam por dias. Ao perceber que elas estavam mais preocupadas com os problemas cotidianos, as fofocas, questões amorosas, os filhos, futuros projetos e com o simples passar de tempo umas com as outras, o diretor chegou à conclusão de que não estavam confessando nada ao papel, e sim somente umas as outras. Desse modo, optou por inverter os papéis, interrogando-as ora como atrizes, ora como personagens. Após misturar estes depoimentos, obteve-se um vasto painel da condição feminina atual de mulheres maduras, sejam elas reais ou fictícias.

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Isto tudo, com o adicional da visão masculina conferida por declarações documentais de homens de influência no meio artístico, fazem de Feminices uma obra divertida, pertinente e, ao mesmo tempo, leve. A curta duração (são apenas 72 minutos) é outra vantagem, pois oferece informação e entretenimento sem ser didático ou cansativo. Exibido na seleção oficial do Festival do Rio 2004, tem-se aqui um filme que fala de pessoas reais, de dramas verdadeiros e de um estilo de vida distante da fantasia onírica e escapista, mesmo que às vezes seja dura e até mesmo cruel. Mas, acima de tudo, identificável.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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CríticoNota
Robledo Milani
7
Chico Fireman
6
MÉDIA
6.5

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