Crítica
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Sinopse
Os Griswolds ganham uma viagem para a Europa em um game show, então fazem as malas e se preparam para deixar o continente. Já sentindo o gostinho do destino, descobrem muito rápido que não são bons turistas. Não sabendo nenhum dos idiomas locais, vão acabar tendo os mais variados tipos de problemas, que vão de dirigir do lado errado da rua na Inglaterra até visitarem os parentes errados na Alemanha.
Crítica
Com o enorme sucesso de Férias Frustradas (1983), e a crescente popularidade de Chevy Chase em meados dos anos 1980, não demorou muito para que o ator voltasse ao papel do bem intencionado, mas sempre atrapalhado, chefe da família Griswold em Férias Frustradas II. A sinopse da sequência poderia ser resumida ao subtítulo recebido pelo filme em suas exibições na TV brasileira: Loucas Aventuras de Uma Família Americana na Europa. Mantém-se, assim, a fórmula básica do original, com os percalços enfrentados pela família durante uma viagem, mudando apenas a locação. Sai a jornada pelo interior dos Estados Unidos e entra um mochilão europeu.
O longa não perde tempo em expor a trama ou os personagens, confiando no apelo conquistado junto ao público com o primeiro filme, e já começa com os Griswold (sobrenome que aqui é estranhamente grafado com “a”: “Griswald”) participando de um game show televisivo, o Pig in a Poke. Vestidos a caráter, como porcos, os Griswold conquistam o grande prêmio do programa, que consiste exatamente em uma viagem de duas semanas, com tudo pago, pelos principais países da Europa. Junto com a mudança de cenário, a continuação também apresenta alterações no elenco. Além de Chase como Clark, Beverly D’Angelo retorna como sua esposa, Ellen. Mas os intérpretes originais dos filhos do casal, Rusty e Audrey, não participam.
Jason Lively assume o lugar deixado por Anthony Michael Hall, e Dana Hill entra na vaga de Diana Barron. Trocas que de certa maneira são sentidas, principalmente no caso da Audrey de Dana Hill, que com sua fixação pela dieta e pelo namorado deixado nos EUA, acaba sendo muitas vezes mais irritante do que divertida. A direção também muda de mãos, deixando as de Harold Ramis para as da competente diretora Amy Heckerling, responsável por outra comédia icônica da década de 80, Picardias Estudantis (1982), e que depois comandaria sucessos como Olha Quem Está Falando (1989) e As Patricinhas de Beverly Hills (1995). Já o roteiro fica novamente a cargo do mestre da Sessão da Tarde, John Hughes.
Infelizmente, Hughes parecia não estar tão inspirado como de costume para a criação deste novo Férias Frustradas. Após uma divertida cena de créditos, brincando com os passaportes da família, o longa parece simplesmente encadear uma série de esquetes, quase independentes, que buscam fazer humor com os costumes locais de cada país visitado, obtendo resultados bastante irregulares. Há momentos realmente engraçados, especialmente na primeira parada dos personagens, em Londres, com a dificuldade de utilizar a direção invertida nos automóveis, ou o fato dos britânicos serem extremamente educados e gentis mesmo quando Clark causa diversos acidentes, como atropelar um ciclista, personagem que volta a aparecer durante o longa em uma piada recorrente, e é vivido pelo grande Eric Idle, que parece saído diretamente de uma quadro ou filme do Monty Python.
Outras piadas já não possuem a mesma qualidade e soam apenas ingênuas, como as sequências de sonho de cada membro da família durante o voo – Ellen imagina um encontro com a Rainha da Inglaterra e com Lady Di, Clark tem uma fantasia que satiriza A Noviça Rebelde (1965), etc. – ou o tratamento pouco amistoso do garçom em Paris, ainda que a cena do “segredo da culinária francesa” seja bem sacada. E momentos promissores, como quando os Griswold se hospedam na casa de uma família alemã desconhecida, acreditando serem parentes de Clark, não atingem seu potencial por completo.
Há também uma constante variação no tom do humor, passando pelo malicioso (o apresentador do Game Show que beija as participantes ou as investidas de Rusty com as garotas europeias), pelo pastelão (a briga na festa alemã, o assalto na França) e pelo nonsense/absurdo (a cena final da Estátua da Liberdade). A ausência de um objetivo ou motivação mais forte – como a de Chevy Chase no primeiro filme em levar sua família de qualquer forma ao parque Walley World – enfraquece a narrativa, mesmo que o roteiro invente um sequestro de Ellen nos últimos minutos para tentar criar esse estofo. Felizmente temos a presença carismática de Chase, um verdadeiro especialista no humor de constrangimento, mantendo sempre sua expressão simpática impassível frente aos acontecimentos mais infames. Sua qualidade como comediante, somadas aos flashes mais inspirados de humor, garantem uma diversão despretensiosa o suficiente para gerar, nos anos seguintes, mais dois capítulos para a série.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Leonardo Ribeiro | 6 |
Chico Fireman | 6 |
Francisco Russo | 6 |
Sarah Lyra | 6 |
MÉDIA | 6 |
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