Crítica
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Sinopse
Esteban é um apático instrutor de natação cubano que aguarda a chegada dos alunos para o início de mais um verão. O grupo singular que chega é feito de alguém sem uma perna, um portador de Síndrome de Down, um jovem com problemas de locomoção e um rapaz que não fala.
Crítica
Selecionado para o Festival de Berlim 2013, a coprodução entre Venezuela e Cuba A Piscina, de Carlos Machado Quintela, definitivamente não é uma obra para todos os públicos. Com apenas 66 minutos de duração, é de causar espanto na quantidade de pessoas que irão se levantar e abandonar a sala de projeção antes do término do filme. Tão apressado quanto o julgamento destes espectadores em desistir da trama que lentamente se desenvolve será avaliá-los como incapazes de reconhecer um trabalho determinado a se diferenciar e dono dos elementos necessários para isso. Há muito pouco na tela e menos ainda se sucedendo, mas serão justamente estes raros elementos que servirão para completar um quadro mais amplo e pertinente.
O cinema cada dia que passa é menos “arte” e mais “entretenimento”. É diversão, pura e simples, e assim que é visto pela absurda maioria de pessoas que o procuram diariamente em shoppings e multiplexes. A Piscina tem ciência desse fato, e é por isso que nem se esforça em conquistar essa ampla maioria. Seu discurso se volta àquela parcela muitas vezes desamparada, que busca algo original e desafiador. E com tão pouco a oferecer de imediato, temos aqui algo que instiga e incomoda justamente por não ser complacente com quem se dispõe a enfrentá-lo. É preciso adentar na escassa história que defende, nos raros personagens que cruzam a tela e nos seus dramas pessoais. Através do individual será possível identificar cenários novos e complexos. Mas, para isso, é preciso esforço.
Temos apenas um único ambiente disponível: uma piscina olímpica, espaço para treinos e aprendizados. O intervalo de tempo também é curto: apenas um dia, que pode ser igual a todos os outros, indeterminadamente. E os protagonistas são pontuais e representativos. Esteban é um tímido professor de natação, que chega cedo ao trabalho para preparar o nada, pois há tanto de diferente ao redor que pouco resta de mudança ao lugar que escolheu para si. Aos poucos, um a um, os alunos vão chegando. Diana, a única menina, possui uma perna amputada, aparelho nos dentes e muita determinação. Rodrigo sofre com consequências da paralisia infantil e hoje se locomove com dificuldade – apesar de sua língua ser dinâmica o suficiente. Danny é ativo, alegre, motivado, disposto a tudo que a Síndrome de Down lhe permite. E Oscar, aparentemente o mais “normal” dos quatro, recusa-se a falar. Sua mudez é emocional, e não adianta esperar que ela seja justificada: Quintela está mais determinado a fazer perguntas do que oferecer respostas.
Instrutor e alunos fazem exercícios, movimentam-se, ocupam-se. Mas nada parece ser, realmente, interessante. Há momentos de conversa, o lanche no trailer próximo, a retomada das atividades. Eles se conhecem, e sabem que mesmo os possíveis artifícios de distração – a descoberta do amor, a provocação de um bullying ingênuo, a competitividade – servem mais para fazer com que o dia avance do que provocar mudanças de fato. A chuva vem e vai, assim como as visitas, outros colegas e até mesmo os pais. Mas a piscina é fixa, imutável, e nada lhe fará ser diferente no dia seguinte. E num mundo de tão poucas certezas – principalmente para quem depende tanto dos outros – é bom saber que algo sempre estará lá, no mesmo lugar, à sua espera. O que fazemos com isso, no entanto, compete a cada um decidir.
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