Crítica
Leitores
Sinopse
Jon é um verdadeiro conquistador que não abre mão de passar horas diante de seu laptop se masturbando ao assistir a filmes pornográficos. Ao conhecer Barbara, ele ficará intrigado com as novas possibilidades no horizonte.
Crítica
O patinho feio de Hollywood Joseph Gordon-Levitt debuta como cineasta em Como Não Perder Essa Mulher (2013), no qual demonstra sua habilidade para protagonizar, dirigir e roteirizar um filme enquanto levanta pesos e faz abdominais. Um dos jovens talentos egressos da televisão para o cinema norte-americano, Levitt passou a vida em frente às câmeras, mas apenas depois de Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012) e Looper: Assassinos do Futuro (2012) foi absorvido pelo mainstream. Sua retribuição é uma comédia machista e superficial que funciona apenas como plataforma de autopromoção para o sexy boy do momento.
Atores que se transportam para a cadeira de diretor geralmente procuram por estreias mais densas para se distanciar de erros do passado em suas carreiras. Foi assim com Ben Affleck e Medo da Verdade (2007), Angelina Jolie com Na Terra do Amor e Ódio (2011) e George Clooney e quase todos os filmes que dirigiu. Na contramão dessa tendência, Levitt optou por uma autodepreciação de sua intelectualidade nesta comédia que o coloca na pele de um Don Juan contemporâneo, revisto a partir dos códigos sociais modernos no Don Jon do título original do filme.
Esqueça toda a profundidade do protagonista da lenda espanhola, também conhecido como Don Giovanni. O Don Jon deste século é um ególatra leviano que classifica mulheres a partir de notas (“Ela é uma 7. Os peitos são 9. A bunda é 10”), dedica horas de sua semana a musculação e tem como principal conquista um carro tunado. Jon ainda sofre de uma ingrata vertente do mal que acometia Michael Fassbender em Shame (2012): é viciado em pornografia e masturbação. Ele é interessado em sexo, mas nunca teve nada próximo das relações retratadas nos vídeos explícitos que assiste diariamente. Isso até conhecer Barbara e Esther, personagens de Scarlett Johansson e Julianne Moore, que alteram sua rotina por completo.
O roteiro proposto por Levitt se inicia num ritmo criativo e interessante, mas entra num ciclo que se repete infinitamente. As gags criadas para pontuar os hábitos mais recorrentes de Jon, como seu ritual de conquista ou a maneira com que paga as penitências após suas confissões católicas, funcionam da primeira ou segunda vez em que são utilizadas, porém cansam quando replicadas à exaustão. Levitt funciona muito bem na construção da figura que representa, mérito que divide com Johansson; sotaque, vocabulário e trejeitos do conquistador barato e da gostosa manipuladora são irretocáveis e os dois atores explodem numa sintonia cômica e erótica. Moore tem uma participação pequena, mas dá conta da personagem que propicia algum traço de profundidade para o texto do estreante.
Nos Estados Unidos, Don Jon fez bonito nas bilheterias e surpreendentemente conquistou elogiosas críticas, mais comovidas com o carisma do realizador do que com sua própria obra.O filme aparece mais infeliz no mercado nacional, que o batizou com um título que sequer se relaciona com seu conteúdo. Já que Como Não Perder Essa Mulher não evita os clichês e até ensaia na reinvenção de alguns deles, é possível se valer de um para a conclusão: como diretor e roteirista, Joseph Gordon-Levitt é um bom ator.
Últimos artigos deConrado Heoli (Ver Tudo)
- Leste Oeste - 8 de junho de 2019
- Cromossomo 21 - 24 de novembro de 2017
- The Wounded Angel - 12 de março de 2017
Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Conrado Heoli | 4 |
Edu Fernandes | 6 |
MÉDIA | 5 |
Deixe um comentário