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Crítica


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Sinopse

Na iminência de divorciar-se do príncipe Charles, Diana conhece o doutor Hasnat Khan, logo se encantando com o fato dele não a tratar como princesa. Não demora e os dois começam a ter um relacionamento secreto.

Crítica

Diana ambicionava ser para a Princesa Diana Spencer tudo o que o Lincoln (2012) foi para a ex-presidente americano. Porém lhe falta a mesma eficiência para tanto. Assim como no oscarizado drama de Steven Spielberg, tem-se um recorte bem específico da vida do biografado – apenas seus dois últimos anos de vida, no caso – e um intérprete acima da média – Naomi Watts não chega a incorporar de modo quase sobrenatural a personalidade homenageada como Daniel Day-Lewis fez, mas o trabalho que apresenta é bastante eficiente, digno do destaque que vem recebendo. Isso no entanto, é tudo que este filme tem a oferecer. Além disso, tem-se uma trama conduzida de forma convencional e acomodada, até mesmo óbvia, como se fosse possível definir uma personagem tão intrigante apenas por um viés de sua vida: o amoroso.

Em 1995, quando a história de Diana começa, Lady Di era uma mulher, literalmente, no olho do furacão. Recentemente separada do Príncipe Charles, vivia sozinha em um palácio, afastada de Buckingham, da família e até dos filhos. Quando o marido de uma de suas poucas amigas tem um infarto e é levado às pressas para um hospital, ao visitá-lo acaba conhecendo o Dr. Hasnat Khan, um emigrante paquistanês que foi morar na Inglaterra para concluir seus estudos. A atração que passa a sentir por ele é quase que imediata, e explicada de modo bastante simplório: “ele me trata normalmente, como se não soubesse que sou uma princesa”, confessa. Esse mesmo modo de olhá-la, no entanto, em nenhum momento o filme do alemão Oliver Hirschbiegel consegue: estamos o tempo todo diante da figura pública, e nunca da mulher em sua intimidade. O mais próximo que conseguimos chegar são trivialidades como programas de televisão favoritos e sua falta de habilidade na cozinha. Pouco, para um filme que prometia tanto.

Diana se apaixona, tem seu amor retribuído, mas assim que a relação entre eles passa a ficar séria, as coisas se complicam. Khan não está preparado para a notoriedade que um envolvimento como esse poderá lhe proporcionar. Ao contrário dela, não sabe – e nem deseja – ter que lidar com o assédio da imprensa. Há ainda seus costumes familiares e religiosos, outro empecilho para a união dos dois. Ela, no entanto, se atira de braços abertos, apostando tudo no sucesso dessa paixão. Se percebemos nos olhos de Naomi Watts o esforço dela para tentar ser feliz, Naveen Andrews (o Sayid de Lost, 2004) responde com apatia, resultando que suas reticências soem mais como falta de interesse. Ela arde, ao mesmo tempo em que ele é morno. Não é possível sentir a química que deveria haver entre eles, e o roteiro erra na tentativa de relacionar a própria morte dela com o fracasso dessa relação. Uma decisão maniqueísta e limitadora, que oferece uma visão estreita a respeito daquela que, em sua época, chegou a ser considerada a “mulher mais famosa do mundo”.

Mas o pior mesmo de Diana é a mão pesada do diretor, reconhecido até então pelo indicado ao Oscar A Queda (2005), que também era focado nos últimos dias de vida de um importante personagem histórico – no caso, Adolf Hitler. Hirschbiegel é bastante reducionista em seu olhar sobre Lady Di. O modo com que ela lidava com a imprensa e com os paparazzi, por exemplo, e abordado superficialmente, dando a entender que havia uma forte dicotomia no trato entre eles, porém sem se aprofundar nos porquês por atrás disso. Há muito pouco também sobre as reações da Família Real a respeito dela e sobre o preparo que Di desenvolvia a cada nova empreitada. Tem-se a sensação de que tudo era na base do improviso, como se fosse obra do acaso a visibilidade que ela possuía. Superficial, Diana se salva do esquecimento e da mediocridade apenas por sua protagonista, uma atriz que oferece muito mais do que o filme lhe dá em retorno.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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CríticoNota
Robledo Milani
5
Chico Fireman
3
MÉDIA
4

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