Crítica
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Sinopse
Bobo, Kiara e Hedvig são garotas entre 12 e 13 anos que vivem na capital da Suécia nos anos 1980. As três vagam pela cidade aprendendo desde cedo a tomar conta de si mesmas. E esse trio decide começar uma banda punk.
Crítica
“O punk não está morto!”, gritam Bobo e Klara, duas amigas que sofrem as agruras de uma adolescência rebelde na Estocolmo de 1982. Habituadas a uma vida na margem de tudo o que é tendência para os jovens de suas idades – dos cabelos de Farrah Fawcett à música Disco – as garotas descobrem na contracultura do punk os valores que efetivamente as representam. Ao lado da talentosa Hedvig, decidem criar uma banda e protestar contra aquilo que mais odeiam: as aulas de educação física.
Apresentado pela primeira vez no Festival de Veneza, Nós Somos as Melhores! marca o retorno de Lukas Moodysson numa produção sueca, quatro anos depois do fracasso de Corações em Conflito (2009) e um hiato no qual escreveu dois romances – um deles sobre a morte de seu pai. Baseado na graphic novel de sua esposa, Coco Moodysson, o cineasta retoma a naturalidade com que expôs temáticas semelhantes em Amigas de Colégio (1998) e Bem-Vindos (2000) para narrar as desventuras desse inusitado trio.
Mais do que um filme sobre as transições da infância para a adolescência, Nós Somos as Melhores! (2013) tem a amizade como ponto de partida para avaliar a inadequação das diferenças numa sociedade homogeneizada. Cheio de vida e boas intenções, o filme reitera a habilidade de Moodysson para retratar conflitos internos e familiares com comicidade, leveza e oportuna superficialidade, longe da melancolia presente em Para Sempre Lylia (2002) ou do incômodo Um Vazio no Meu Coração (2004).
Bobo e Klara enfrentam julgamentos diários, porém elas próprias disparam suas pérolas preconceituosas ao chamar um garoto de punk de shopping ou na hilária sequência em que cantam uma música para Hedvig, de família católica, sobre Deus ser fascista e merecer o enforcamento. Engajadas em seus valores reacionários, as meninas reproduzem os códigos ditados pelas letras de grupos como KSMB, EbbaGron, Travolta Kids e Incest Brothers. Elas parecem intocáveis em suas posturas, mas um simples corte na mão de Bobo revela a fragilidade do trio.
Nós Somos as Melhores! tem um apelo óbvio para uma grande audiência e merece a chance de ser descoberto por um público maior do que os espectadores de festivais de cinema. Equilibrado entre situações hilárias e dramáticas, revela o talento de Mira Barkhammar, Liv LeMoyne e Mira Grosin, atrizes estreantes que são o coração do filme. Um retrato singular sobre a amizade entre três jovens, com roteiro e direção irretocáveis, que deve permanecer como um clássico indie dentro de seu gênero. Tente sair do cinema sem cantar o hit “Odeio o Esporte!” dessas meninas.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Conrado Heoli | 8 |
Daniel Oliveira | 7 |
Ailton Monteiro | 6 |
Chico Fireman | 6 |
Alex Gonçalves | 8 |
MÉDIA | 7 |
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