Spring Breakers: Garotas Perigosas
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Harmony Korine
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Spring Breakers
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2012
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EUA / França
Crítica
Leitores
Sinopse
Quatro amigas assaltam um restaurante para curtir as férias no litoral. Elas acabam criando confusão no local paradisíaco, são presas, conhecem um criminoso barra pesada e são contratadas para fazer um trabalho para ele.
Crítica
Ao som de música eletrônica, centenas de jovens, a maioria em trajes de banho, dança, bebe, fuma e usa vários tipos de drogas na beira da praia. O sonho de milhares de norte-americanos, o chamado spring break (algo como “pausa da primavera”, o recesso escolar) já começou e faz parte do imaginário atual de quatro amigas de infância que, já na faculdade, desiludidas com as responsabilidades da vida adulta, se imaginam naquele mesmo lugar, onde tudo é festa e nada é proibido. Os dias de celebração vão mudar a vida destas meninas, cada uma à sua maneira – e nem sempre de forma agradável – em Spring Breakers: Garotas Perigosas.
O filme, dirigido e roteirizado por Harmony Korine, uma das mentes criativas por trás de Kids (1995), traz no elenco nomes como James Franco, Selena Gomez e Vanessa Hudgens e, assim como no longa de quase duas décadas atrás, trata da desilusão dos adolescentes e novos adultos na sociedade contemporânea, onde o prazer do “agora”, mesmo que inesgotável, parece ser mais importante do que a pergunta: “afinal, o que eu quero para a minha vida?”. Para conseguir saciar a vontade de estar rodeado de outros “iguais”, assim digamos, as garotas vestem capuzes e assaltam pessoas para conseguir dinheiro para a tal festa. Mal sabem elas que as coisas só tendem a piorar – mesmo que elas não se deem conta disso.
A única do grupo que parece ter a racionalidade maior que a própria vontade de viver é Faith (Selena Gomez), que, não por acaso, participa de um grupo de jovens da igreja. Aliás, é a culpa católica que faz a garota parar e medir os atos e consequências da viagem. Por outro lado, suas parceiras extrapolam e, numa dessas, todas vão parar na prisão. Quem as livra de lá é o rapper Alien (Franco), gangster e traficante que se apaixona pelas meninas e se transforma em seu protetor. É neste momento que Spring Breakers, se já não estava leve, pisa fundo na imersão do grupo em um submundo ao qual elas não pertencem – porém, é o que mais querem viver, longe de sua realidade. Mesmo com a partida de uma delas, as três remanescentes se transformam não apenas em amantes de Alien, mas sim em suas parceiras de crimes e prazeres de todos os tipos. Algo que não vai acabar bem. Um trabalho tão intenso em seus mínimos detalhes destaca a atuação do quinteto principal. Ashley Benson, Rachel Korine e, especialmente, Selena Gomez e Vanessa Hudgens, estão além do imaginável. Quem poderia pensar que a última, por exemplo, estrela da Disney e do High School Musical até alguns anos atrás, poderia desenvolver um personagem tão rico em dramaticidade, em texturas que escapam ao simples olhar? Ainda assim, o grande nome é James Franco, que mescla loucura e ternura com um sotaque digno dos “manos do Bronx” e o visual de rastafári e dentes de prata para incorporar o rapper, um de seus melhores papéis, competindo quase de igual para igual com seu protagonista de 127 Horas (2010).
O trabalho de Harmony na direção e, especialmente, no roteiro, pode causar uma certa estranheza a quem está acostumado com relatos mais convencionais de jovens desiludidos – e que até flerta com outro filme deste ano, Bling Ring, de Sofia Coppola. Porém, aqui o glamour dá lugar a uma viagem do céu ao inferno, e as imagens capturadas, assim como a narrativa em off dos personagens, deslocada (ou não) do que aparece na tela, dão a impressão de que o espectador está sob o efeito de drogas pesadas. Pode não parecer, mas tudo está conectado, apenas a montagem que brinca com a (falta de) linearidade remete ao que parece ser o estado mental das jovens. Há a confusão inicial e constante, mas que no fim se encaixa perfeitamente com o discurso. E muito além do moralismo contra drogas e afins, a mensagem do diretor será captada por quem prestar atenção, especialmente quando o hit Lights, de Ellie Goulding, começa a tocar nos créditos finais.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Matheus Bonez | 8 |
Edu Fernandes | 3 |
Ailton Monteiro | 6 |
Francisco Carbone | 10 |
Chico Fireman | 5 |
Daniel Oliveira | 6 |
Ticiano Osorio | 6 |
MÉDIA | 6.3 |
Adorei as cenas de nudez; a cena de Alien tocando "Everytime" ao piano, ao mesmo tempo em que vemos a seqüência de assaltos e outros crimes feitos por ele e três das garotas (um trecho que gostei pela ironia), gostei da música final e adorei até mesmo a simulação de assalto, quando duas delas tentaram ensinar a Faith (Selena Gomez) como render e roubar alguém - e devo confessar que achei excitante o grito "Get on your motherfucking knees, bitch!", nessa parte (Hehehehe!)... Também curti de montão a surub@ entre as duas loiras Brit (Ashley Benson) e Candy (Vanessa Hudgens) e Alien! Só achei meio forçada a seqüência final, do ataque à casa de Big Arch, onde Alien - um bandido experiente - é o primeiro a cair morto, enquanto as duas garotas que ficaram (criminosas praticamente estreantes) detonam sozinhas com toda a gangue de Arch - bem como com o próprio. Mas amei o filme! Com poucos clichês, e muita violência e "azaração", eu considero Garotas Perigosas uma das maiores obras-primas cinematográficas dos anos 2010, sem aquela preocupação que muitos filmes têm, de passar lições de moral. Nota máxima para este maravilhoso filme-catarse!