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Crítica


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Sinopse

Depois de ser convidada para trabalhar com um cruel e famoso chef de cozinha, uma jovem atinge o seu limite.

Crítica

Não é segredo, os instintos humanos básicos se resumem em sono, acasalamento, proteção e alimentação. Entretanto, talvez não seja evidente o quão instantâneo este último pode ser. Num momento, você está estufado e não pode sequer enxergar comida. No outro, está sedento por um prato até mais elaborado, transformando o simples ato de sobrevivência numa janela de experiências. Esse é o eixo central do tailandês Fome de Sucesso, mais um projeto que surfa na onda de produções como Cozinhando Loucamente (2017) e O Menu (2022), mas divaga em seus caminhos.

O enredo segue Aoy (Chutimon Chuengcharoensukying), uma cozinheira do pequeno restaurante de comida caseira de sua família. Suas capacidades são observadas por um dos funcionários do renomado chef Paul (Nopachai Jayanama), que convida a moça para realizar um teste no estabelecimento de luxo. A partir do momento em que ela aceita, somos lançados ao tradicional mapa do ambiente hostil.

O diretor Sitisiri Mongkolsiri, que está em seu terceiro longa-metragem, não inova na exibição de sua “cozinha do mal”, onde o supervisor das refeições lança panelas, grita, ameaça e rebaixa seus empregados. Aliás, boa parte do filme se concentra nos atos vilanescos de proprietário para estabelecer sua soberania no local, mas, mesmo com esforço de Jayanama, nem de longe é possível verificar uma tensão promovida por personagens como Terence Fletcher (J. K. Simmons), de Whiplash: Em Busca da Perfeição (2014), por exemplo. Já, Chuengcharoensukying é uma figura agradável, mas parece se perder nos próprios princípios. O que abomina minutos antes, subverte em seguida. Na sequência, volta a detestar sem um ritmo linear.

A obra não demora para buscar semelhanças com o multipremiado, e também asiático, Parasita (2019), contrastando poder e miséria. Porém, mesmo que a produção possua mais de duas horas, não há bom encontro de variadas ideias. Flertes com temas relacionados à machismo, capitalismo selvagem, pressão familiar, ambiente corporativo e, ufa! troca de influências, são pincelados, mas pouco avançados.

Apesar das inconstâncias, Fome de Sucesso respeita seus pares e não é uma jornada descartável. Sobretudo quando se propõe desconstruir a ideia do talento sem esforço, tal qual Menina de Ouro (2005), com a luta, e Cisne Negro (2010), com a dança. No mais, um mergulho pelo brasileiro O Clube dos Anjos (2020) poderá ser mais atraente do que este.

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Fanático por cinema e futebol, é formado em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Feevale. Atua como editor e crítico do Papo de Cinema. Já colaborou com rádios, TVs e revistas como colunista/comentarista de assuntos relacionados à sétima arte e integrou diversos júris em festivais de cinema. Também é membro da ACCIRS: Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul e idealizador do Podcast Papo de Cinema. CONTATO: [email protected]

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