Crítica
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Sinopse
O reencontro dos artistas e técnicos responsáveis por uma das mais celebradas sitcoms de todos os tempos. Episódios clássicos, histórias de bastidor, tudo acaba entrando nessa jornada nostálgica.
Crítica
Uma das séries mais bem-sucedidas da história da televisão norte-americana, Friends (1994-2004) deixou na cultura pop universal uma marca indelével, que até hoje, mesmo quase duas décadas após o seu término, segue encontrando ressonância – recentemente, foi apontado que uma das marcas da Geração Z seria, entre outras coisas, “não gostar de Friends e de Harry Potter”, pois ambas as produções seriam ‘cringe’. O que é certo é que, fale bem ou mal, ainda hoje tem muita gente disposta a seguir se debruçando a respeito das idas e vindas entre Rachel (Jennifer Aniston) e Ross (David Schwimmer), as maluquices de Phoebe (Lisa Kudrow) e Joey (Matt LeBlanc), ou o romance do casal formado por Monica (Courteney Cox) e Chandler (Matthew Perry). Tanto é que uma das apostas da plataforma de streaming da HBO Max é justamente esse programa especial, batizado como The One Where They Get Back Together (algo como Aquele no Qual Eles se Reúnem Mais uma Vez), mas que ficou conhecido apenas por Friends: The Reunion. Afinal, é exatamente o que entregam: uma reunião. Mais dos atores por trás dos personagens do que destes em si. Uma decisão que fica no meio termo entre os acertos que felizmente alcançam e os tantos deslizes que deixam pelo caminho.
O tom do que virá pelas próximas duas horas de programa é dado desde o início, quando os intérpretes vão chegando, um após o outro, no set onde durante dez anos gravaram as temporadas do show. É quando se deparam com os cenários dos apartamentos de Monica e Rachel e o de Joey e Chandler. Mais adiante, visitam também o icônico Central Perk, o café que frequentavam na grande maioria dos episódios. Há também um passeio rápido pelos bastidores, oferecendo ao espectador uma visita rápida por camarins, áreas de gravação, salas de maquiagem e afins. É tudo uma desculpa, obviamente, para que Schwimmer, Aniston, Cox, LeBlanc, Kudrow e Perry possam discorrer lembranças e matar saudades. Curioso, no entanto, é que tratam aquele espaço como algo sagrado – o que, de fato, não é. Inclusive, é dito em cena, mais adiante, que logo após a gravação do último episódio todo o set original foi desmontado. Ou seja, o que visitam agora é uma recriação, algo tão sincero quantas muitas das lágrimas que os atores copiosamente debulham diante das câmeras. A impressão é que passaram anos afastados uns dos outros por imposições externas. O que está longe de ser verdade.
Há anos se comenta sobre um possível reencontro do elenco de Friends. Nas últimas temporadas da série, cada um dos seis chegou a ganhar US$ 1 milhão (ou mais) por episódio – o que é uma verdadeira exorbitância (lembre-se, cada temporada tinha 24 episódios – faça a conta!). Com a audiência em baixa – não só os enredos começam a se repetir e os argumentos perdiam força, como também se multiplicavam as opções concorrentes – e os custos em alta, o final se tornou inevitável. E se nesses 17 anos entre o fim e o reencontro os seis não mais haviam aparecidos juntos, não é por escassez de motivos: é, sim, por falta de um orçamento que bancasse as demandas e valores por eles exigidos. Basta ficar atento aos créditos de encerramento: além de serem as grandes estrelas, também aparecem como produtores. Tudo para aumentar o faturamento, é claro. Afinal, nenhum deles se saiu particularmente bem – ou, ao menos, chegou a igualar o sucesso que desfrutavam na época do seriado – em suas carreiras individuais. Após tantas tentativas, portanto, essa oportunidade soa mais vantajosa do que nunca – e pelos mais diversos motivos.
Afinal, The Reunion foi relativamente fácil de ser feito. Como dito, esse é um documentário, um programa especial com os atores, e não com Joey, Chandler, Ross, Monica, Phoebe e Rachel. Esses, que de fato são amados pelo público, mal aparecem – e, quando o fazem, são em cenas originais, de reprises, usadas como ilustração das lembranças, e não em algo novo. Há passagens que poderiam ter rendido mais, como as leituras de roteiro em conjunto – momentos simbólicos não chegam a ser reencenados, mas ganham uma importância especial pelo contexto que reaparecem – ou as declarações dos fãs – mensagens gravadas em diversos pontos do mundo reafirmam a relevância do programa criado por Marta Kauffman, David Crane e Kevin Bright. Estes, aliás, são os únicos, além do elenco principal, a oferecerem declarações de fato pertinentes, explicando a origem da série, a escolha dos atores, e pontuando curiosidades sobre as gravações. Mas há muito que é ignorado, e outro tanto que mal chega a ser citado, como o sucesso meteórico do grupo, o reconhecimento crítico e das premiações, o legado que deixaram em diversas séries inspiradas neles, ou mesmo o futuro dos personagens. Onde estariam eles hoje? Uma dúvida que parece inquietar mais os espectadores do que aqueles que lhes deram vida. E nem vamos nos demorar no talk show comandado por James Corden, tão desnecessário quanto irrelevante.
Com diversas participações ilustres – de David Beckham a Tom Selleck, de Cara Delevingne a Justin Bieber, de Reese Witherspoon a Lady Gaga – poucas realmente foram além da surpresa momentânea – Maggie Wheeler, a eterna Janice, foi um destes casos. Outros seriam melhor que nem tivessem se dado ao trabalho, como os veteranos Elliott Gould e Christina Pickles, que recordaram de seus trabalhos como os pais de Monica e Ross em uma aparição de poucos segundos – certamente mereciam mais tempo em cena. No final das contas, é certo que quem ainda lembra de Friends com carinho irá se emocionar em diversos momentos – afinal, o que se encontra aqui é não mais do que um fan service bem embalado, feito especificamente para aqueles que já sabem exatamente o que irão encontrar. Um novo episódio, ficcional, ou mesmo um longa-metragem, com histórias sobre como Rachel, Monica, Phoebe, Ross, Joey e Chandler estão tanto tempo depois teria chances maiores de dar terrivelmente errado – mas, caso o acerto fosse em cheio, o resultado alcançaria níveis memoráveis. Mas o risco era demasiado – e ninguém aqui parece disposto a assumi-los.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 6 |
Ailton Monteiro | 6 |
Diego Benevides | 5 |
Daniel Oliveira | 6 |
Marcelo Müller | 5 |
Lucas Salgado | 8 |
Sarah Lyra | 8 |
MÉDIA | 6.3 |
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