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Crítica


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Sinopse

Prestes a ser coroada rainha, a Princesa Elsa descobre ter poderes sobre o gelo, e o quanto os que estão ao seu redor podem ficar em perigo por causa disso. Assustada, decide se refugiar nas montanhas. E é para lá que a irmã dela, Anna, parte ao seu resgate, acompanhada de um jovem montanhista, sua rena espirituosa e um bem-humorado boneco de neve.

Crítica

Para quem conhece o conto original de Hans Christian Andersen: esqueça tudo o que sabe sobre a história. A versão que a Disney criou para Frozen: Uma Aventura Congelante mantém elementos da fábula e, especialmente, sua essência, mas aqui não há goblins, espelhos e cacos que transformam pessoas boas em ruins, roseiras que reavivam memórias. Em seu lugar há uma forte lição de amor, como não poderia deixar de ser já que é do estúdio do Mickey que estamos falando. Porém, ao contrário de outros como A Bela e a Fera (1991), em que o romance é o mote, aqui falamos da delicada relação de duas irmãs e como o belo poder de criar gelo as separa.

A primeira cena do filme mostra as irmãs Anna e Elsa (no original, com vozes de Kristen Bell e Idina Menzel, respectivamente) brincando em um salão do palácio onde vivem como princesas. A mais velha tem o poder de criar gelo, mas algo dá errado e a garota acerta a cabeça de Anna com uma rajada congelante. Com a família alertada pelos trolls que um golpe da magia no coração pode matar a criança, Elsa resolve se fechar e nunca mais usar seu poder por anos, afastando-se da irmã pela culpa de quase ter tirado sua vida. Ambas crescem, seus pais morrem em um acidente marítimo e Elsa está prestes a ser coroada. No dia da cerimônia oficial, Anna conhece Hans, um rapaz da alta nobreza, e se apaixona por ele. Porém, quando vai discutir com a irmã sobre um possível casamento, as duas se desentendem e a magia de Elsa é revelada, o que a faz fugir e lançar um feitiço que torna o inverno o mais congelante de todos os tempos. A partir daí, Anna parte em busca da irmã com a ajuda de Kristoff, um homem da montanha, e Olaf, um boneco de gelo que ganhou vida.

O roteiro, apesar de suas claras obviedades, consegue jogar com o espectador apresentando falsos vilões, pessoas recheadas de segundas intenções e um triângulo amoroso que começa a esquentar à medida em que o filme avança. Porém, são todos estratagemas para despistar o público da real intenção, que é promover o reencontro das duas irmãs e tirar a dúvida se Elsa realmente se tornou numa rainha má ou apenas vive reclusa pelo medo de machucar os outros.

Frozen retoma algo que a Disney parecia ter deixado para trás há muito tempo: os momentos musicais que permeiam o filme a todo instante, lembrando clássicos como os já citados anteriormente e também O Rei Leão (1995), A Pequena Sereia (1989), entre outros. Um trabalho interessante que se perde um pouco na versão dublada, mas que na original favorece o andamento da animação, especialmente quando a bela Let It Go (canção indicada ao Globo de Ouro e vencedora do Oscar) ecoa pelo cinema.

Como não poderia deixar de ser em um bom filme da Disney, os coadjuvantes se destacam. Desta vez, quem rouba a cena sempre que aparece é o bondoso e ingênuo Olaf (na versão brasileira, dublado por um contido e interessante Fábio Porchat), que nunca consegue entender o nome de Kristoff, rendendo alguns dos diálogos mais cômicos do filme. Porém, todos tem seu carisma, especialmente as protagonistas, Anna totalmente extrovertida e falante, Elsa reclusa e de poucas palavras, porém, ambas recheadas de camadas como há muito não se via em uma animação do estúdio.

O design de produção é um dos mais arrojados das animações dos últimos anos, com belíssimas e detalhadas esculturas de gelo que são um deslumbre para quem está na poltrona. Algo que favorece ainda mais a qualidade do filme, que já nasce recheado de méritos. Quando o clímax acontece, Frozen mostra que, de congelante, não há nada. Muito pelo contrário. É uma animação que aquece o coração de quem assiste. Por mais clichê que isto possa parecer. Lágrimas vão encharcar as poltronas da sala, porém o final feliz compensa tudo, como num belo conto de fadas. O felizes para sempre talvez não se restrinja apenas à formação de casais, mas sim ao reconhecimento da família, algo que a Disney preza desde Branca de Neve e os Sete Anões (1937).

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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