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Crítica


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3 votos 8.6

Onde Assistir

Sinopse

Quando Will Shaw chega à Espanha, o estressado homem de negócios não está em clima de férias. Ele começou uma companhia que só afundava e sua tensa relação com seu pai só torna os problemas piores. Mas quando a família é sequestrada por agentes da inteligência que tentam recuperar uma misteriosa maleta, o protagonista se vê numa corrida infernal. Seu mundo inteiro vira de cabeça para baixo quando o pai reaparece, revelando que é um um agente infiltrado numa teia intergovernamental de mentiras e segredos.

Crítica

Fuga Implacável é um thriller tão genérico quanto o seu título nacional. Talvez sua única justificativa seja para conferir como se sai o futuro astro Henry Cavill como protagonista de uma trama de ação. Afinal, tudo o que ele havia feito até o momento eram dramas históricos (o seriado The Tudors, 2007), aventuras fantásticas (Stardust, 2007) ou bancado o bonitão em um Woody Allen que ninguém viu (Tudo Pode Dar Certo, 2009). As coisas para o lado dele começaram a mudar com a virada da década. Primeiro, ao assumir a bobagem quase épica Imortais (2011), que serviu apenas para expor seu físico impecável. Mas será neste ano seu teste de fogo, com o ainda inédito O Homem de Aço (2013), em que assumirá o manto do Superman. E se o rapaz ainda não convenceu em seus trabalhos anteriores, também não foi nesta trama sem pé nem cabeça e inédita nos cinemas brasileiros que a situação para o lado dele mudou.

Aqui Cavill aparece como o filho mais velho de Bruce Willis, um adido cultural da Embaixada americana na Espanha. Os problemas começam nessa simples explicação: quem acredita que o homem Duro de Matar possa levar uma vida pacata como negociante de artes? Quando a família se reencontra para um fim de semana na costa mediterrânea, a verdade vem à tona: o pai é um agente secreto que foi traído por uma superiora (Sigourney Weaver, sempre um prazer de se ver, mas mais uma vez se repetindo desnecessariamente). Quando a mãe e o irmão menor são sequestrados e o pai assassinado, caberá ao filho – um negociante falido de Wall Street – resolver o mistério, salvar a própria pele e ainda ter que lidar com reviravoltas dignas da melhor novela mexicana.

É impressionante perceber como tudo chega requentado em Fuga Implacável. Cavill tenta compor um tipo à sombra de Jason Bourne – principalmente em A Identidade Bourne (2002) – pois ao mesmo tempo em que luta para ficar vivo segue agindo no escuro, sem saber em quem confiar e o que de fato está acontecendo ao seu redor. Mas tudo é muito evidente, e qualquer possível mistério logo se torna explícito. Como a presença de Weaver, que se apresenta como a salvação dos problemas do rapaz – mas é impossível que alguém não perceba de imediato as segundas intenções dela. Outro problema é o desperdício de Willis, um ator feito sob medida para filmes como esse, mas que no entanto é descartado com menos de 15 minutos de participação efetiva.

Na direção está o francês de origem tunisiana Mabrouk El Mechri, cujo único trabalho digno de nota até então foi o falso-documentário JCVD (2008), que até gerou uma certa sensação em Cannes quando foi exibido relançando o icônico Jean-Claude Van Damme, mas logo voltou à obscuridade. Sua condução de Fuga Implacável é burocrática e esquemática, com soluções previsíveis e um enredo, escrito pelos desconhecidos Scott Wiper e John Petro, que mais parece com uma colcha de retalhos de clichês que não conseguem se sustentar. Em resumo, tem-se duas antigas estrelas que já brilharam com muito mais intensidade no cenário hollywoodiano aparecendo apenas como decoração e um protagonista tão perdido quanto o próprio personagem que tenta defender. Talvez agrade aos espectadores menos exigentes, de uma forma rápida e despreocupada. Mas ser esquecível nunca deveria ser a ambição de alguém que ainda está tentando conquistar seu espaço.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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CríticoNota
Robledo Milani
4
Thomas Boeira
3
MÉDIA
3.5

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