Crítica
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Crítica
Pouco antes de viver o veterano do Vietnã John Rambo em Rambo: Programado para Matar (1982), Sylvester Stallone já havia passeado pela temática da guerra em um curioso longa-metragem assinado por John Huston e co-estrelado por Michael Caine, Max von Sydow e o craque Pelé. Fuga para a Vitória misturava o tradicional “filme de guerra” com esporte – no caso, o futebol – e apresentava um resultado final cheio de altos e baixos, divertindo (ao menos) pelo inusitado.
Com roteiro de Evan Jones e Yabo Yablonsky, Fuga para a Vitória nos transporta para a Segunda Guerra Mundial. Em um campo de prisioneiros de guerra, o jogador de futebol profissional John Colby (Caine) recebe um convite curioso: montar uma equipe com companheiros presos para enfrentar o time alemão em uma partida. Colby reluta a aceitar de início, mas vê uma boa oportunidade de conseguir mais alimentos e condições melhores de vida para ele e seus parceiros – que, por sua vez, enxergam uma ótima oportunidade de escapar do campo. Com isso, se juntam ao time o falastrão Robert Hatch (Stallone) e o talentoso Luis (Pelé), formando uma equipe que teria tudo para vencer os nazistas – isso, claro, se a arbitragem e eventos extracampo não atrapalhassem. Para nós, brasileiros, um dos principais chamarizes para conferir Fuga para a Vitória é a performance de Pelé como um prisioneiro vindo de Trinidad e Tobago. Além de atuar, o ex-jogador montou as jogadas que são apresentadas no filme e até aparece fazendo sua clássica bicicleta. Ele é o principal dos 18 jogadores de futebol que foram escalados para o filme. Sua participação é destacada, ainda que o inglês macarrônico atrapalhe em certos momentos.
Sylvester Stallone é o verdadeiro astro do longa-metragem e vive um goleiro pouco talentoso. Criticando o futebol de início, por não entender direito como funciona o esporte bretão, Hatch logo se vê debaixo do travessão, tendo de defender os chutes potentes de Pelé e Cia. Na vida real, o ator chegou a quebrar um dedo tentando parar um dos chutes do craque brasileiro. Também reza a lenda que Stallone exigia fazer o gol da vitória no filme, até que foi dissuadido da ideia quando o lembraram que um goleiro dificilmente teria este tipo de destaque. A saída dos roteiristas para este impasse funciona bem, preservando o ego de Stallone intacto. Ainda que o eterno Rambo tenha todo este destaque no filme, o real predicado de Fuga para a Vitória está na dobradinha entre Michael Caine e Max von Sydow. Em lados rivais, mas admirando de alguma forma o outro, os personagens dos veteranos atores têm o arco mais interessante. Enquanto John Colby se divide entre a vontade de fugir e a necessidade de jogar, o major alemão vivido pelo sueco Sydow mostra um lado menos vilanesco, mais humano. Não se furta a bater palmas quando seus adversários fazem uma jogada espetacular, o que gera olhares enviesados para o seu lado. O próprio Colby também é recebido com reprimendas pelos seus companheiros ao se associar de alguma forma com o inimigo, ao aceitar o jogo de exibição. Uma óbvia propaganda nazista, o jogo serviria para mostrar o poderio alemão em cima dos prisioneiros.
O principal diferencial de Fuga para a Vitória é a mistura dos característicos momentos dos filmes esportivos – a superação, o gol que quase sai, as faltas que retiram jogadores do campo – com os clássicos códigos do cinema de guerra – o heroísmo, a glória, a amizade e o orgulho. John Huston tem em mãos uma história baseada livremente em fatos reais e consegue conquistar a atenção do espectador com o bom andamento da trama e com personagens interessantes. É verdade que alguns pontos berram inverossimilhança, com destaque para o desfecho apoteótico. Detalhes que incomodam em um filme que diverte bem mais do que agride.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Rodrigo de Oliveira | 7 |
Ailton Monteiro | 5 |
MÉDIA | 6 |
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