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Crítica
Sabe aqueles filmes que a gente vê na infância e ficam marcados para sempre? Pois Fúria de Titãs é um deles. Lançado em 1981, teve uma passagem discreta pelos cinemas, mas se tornou um fenômeno pelas frequentes revisões na televisão e quando foi distribuído em home video. Visto mais de 20 anos depois, no entanto, essa memória afetiva corre forte risco de se esfacelar. Ainda antes do remake estrelado por Sam Worthington, a conclusão é de ter aqui um longa de forte apelo a um público infanto-juvenil, quando mundos de fantasia dominam a imaginação e a realidade ainda não começou a cobrar seu preço com tanta ansiedade. Afinal, não saber envelhecer é um pecado não apenas entre os homens, mas percebido também no audiovisual.
Num ano como 1981, marcado por sucessos como Os Caçadores da Arca Perdida, Superman II: A Aventura Continua e 007 Somente para Seus Olhos, Fúria de Titãs conseguiu a honrosa décima primeira posição entre os mais assistidos, tendo arrecadado mais de US$ 40 milhões (a critério de comparação, o 11° do ranking de 2011, trinta anos depois, foi Planeta dos Macacos: A Origem, com US$ 176 milhões somados nos Estados Unidos). Com a crítica, o resultado foi igualmente satisfatório, tendo atingido 65% de aprovação no Rotten Tomatoes (contra os 28% alcançados pela refilmagem de 2010). E quais as explicações para estes impactos positivos? Uma combinação bem calculada de elementos clássicos – o tema, os coadjuvantes do elenco – com outros que apontavam para um futuro não muito distante – efeitos especiais, astros em ascensão como protagonistas.
Fúria de Titãs tem como protagonista Perseu, um semideus interpretado por Harry Hamlin – um jovem ator cujo trabalho seguinte, o drama romântico Fazendo Amor (1982), uma das primeiras produções de um grande estúdio de temática assumidamente gay, enterrou sua carreira a tal ponto que desde então tem trabalhado apenas na televisão. Ele descobre que é filho de Zeus (Laurence Olivier) com uma humana e que está nas suas mãos impedir uma guerra catastrófica entre a humanidade e os seres mitológicos do Olimpo. Como a crença dos homens nos deuses tem diminuído gravemente, estes decidem liberar o mostro Kraken, para assim dissipar um sentimento de medo e busca por perdão na Terra. Caberá a Perseu impedir este desastre, enfrentando neste caminho seres assustadores como gárgulas, bruxas, escorpiões gigantes e até a mortal Medusa, que possui cobras como cabelos e que petrifica qualquer ser que a olhe diretamente nos olhos.
Além de Olivier, Fúria de Titãs traz também nomes reconhecidos como Maggie Smith, Burgess Meredith (o treinador de Rocky, Um Lutador, 1976) e Ursula Andress (a mais famosa de todas as bondgirls). Mas o show é inteiramente do mestre Ray Harryhausen, o gênio pioneiro dos efeitos visuais, em um dos seus últimos longas. Ele foi responsável por títulos como Jasão e o Velo de Ouro (1963), As Novas Viagens de Simbad (1973) e Os Três Mundos de Gulliver (1960), que ainda hoje povoam a imaginação de todos os fãs de ficção e fantasia. Sua importância é superior a do diretor Desmond Davis (que apesar da longa carreira, fez aqui sua única incursão na tela grande). Harryhausen é a visão por trás desse universo encantador, misterioso e fantástico. E é por ele, somente, que este filme não pode ser simplesmente descartado. Mesmo que todos estes anos o tenha castigado injustamente.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 6 |
Alysson Oliveira | 7 |
Chico Fireman | 8 |
Cecilia Barroso | 7 |
MÉDIA | 7 |
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