Crítica


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Sinopse

Um general rapta o presidente da Rússia. Para efetuar o resgate, um capitão de submarinos contará com a força de operações especiais da marinha dos Estados Unidos.

Crítica

Filmes com histórias militares são tão frequentes que poderiam ser até um gênero à parte, como o policial ou a comédia romântica. No entanto, são mais comuns aqueles que se passam no ambiente da guerra, em campo, seja no antes, durante ou depois. O exército, portanto, acaba por ter um destaque maior do que seus colegas da aeronáutica ou da marinha. E destes últimos, menor atenção ainda costuma receber aqueles que se posicionam abaixo das águas, e não acima delas. Pois é nesse universo submarino em que se desenvolve maior parte da trama de Fúria em Alto Mar, um thriller que teria tudo para se diferenciar dos seus (poucos) similares, seja pelo elenco repleto de nomes conhecidos ou pela trama que conduz, focada mais nos antecedentes que podem levar ao conflito do que no embate em si. No entanto, a mão pesada do realizador e o pouco esforço dos principais componentes envolvidos terminam por entregar um produto genérico, para não dizer descartável.

Desenvolvido no já envelhecido ambiente de uma tardia guerra fria entre Estados Unidos e Rússia, Fúria em Alto Mar tem como principais oponentes um general norte-americano (Gary Oldman, repetindo os mesmos trejeitos estourados que lhe deram um Oscar por O Destino de uma Nação, 2017) e o presidente russo (Alexander Diachenko, da série McMafia, 2018). Entre eles, nas profundezas do oceano, está o Caçador de Assassinos (aliás, título original do filme), um submarino que tem no comando um oficial acostumado a pensar nos fins, e não nos meios (Gerard Butler, um pouco mais contido do que o normal). É uma decisão dele, por exemplo, mesmo que contrariando sua experiência e os conselhos dos seus auxiliares mais próximos, a de resgatar a tripulação de um submarino inimigo russo, liderado pelo capitão Andropov (o saudoso Michael Nyqvist). Um feito que, como veremos em seguida, terá consequências fundamentais para o futuro do planeta.

Afinal, o que a inteligência norte-americana logo percebe é que a ameaça russa é mais interna do que de fora: um golpe está em curso, com o presidente sendo mantido refém de um ministro militar (Michael Gor, de Ponte dos Espiões, 2015). Assim, como é de praxe em situações como essa quando explorada sob a ótica hollywoodiana, caberá aos soldados dos Estados Unidos salvarem não apenas o próprio país, mas o dos outros e o mundo inteiro, por consequência. E se um grupo reduzido de elite segue por terra com a missão de resgatar o líder russo aprisionado, quem terá que tirá-los além das linhas inimigas e trazê-los são e salvos do modo mais discreto possível será justamente aqueles que pouco são vistos: os que estão submersos, afinal. E a única maneira de chegar até o ponto de encontro sem serem notados é seguindo as orientações de quem conhece como ninguém o terreno a ser invadido: ou seja, quem melhor para enfrentar um desafio como esse do que um oficial russo? É chegada a hora, portanto, do capitão retribuir à altura o favor que lhe fora feito antes, até para o bem de sua nação.

Não há muitas nuances a serem exploradas durante o desenrolar da trama de Fúria em Alto Mar. De um lado temos os russos desgovernados, com assassinos tomando o poder sem prestar contas e mentindo para o povo que neles havia confiado, em nome de uma suposta ameaça que mais se assemelha a uma teoria conspiratória lunática ou a uma fantasia de alguém desesperado por uma relevância desmedida que não encontra base nem referência no que de fato está em curso. Do outro, há apenas análise de dados e reações extremadas, com Oldman e o rapper Common (investindo cada vez mais em sua carreira como ator) andando de um lado para outro sem muito o que fazer além de gritos drásticos e decisões de última hora cujas repercussões serão sentidas no outro lado do mundo. A ação em si termina por ser verificada tanto por essa milícia na superfície (liderados por Toby Stephens, o vilão de 007: Um Novo Dia para Morrer, 2002, e, é sempre bom lembrar, filho da dama Maggie Smith!) como pelas manobras arriscadas, porém pouco visuais, tomadas pela embarcação que conta com Butler no comando. A energia dele continua presente no discurso, mas os efeitos práticos estão muito acima da competência do seu personagem.

Poucos são os filmes submarinos que, de uma forma ou outra, acabam se mantendo presente na memória cinéfila. Exceções como o oscarizável O Barco: Inferno no Mar (1981) ou o simpático A Vida Marinha com Steve Zissou (2004) são títulos que confirmam a regra e exploram um pouco a diversidade que tal tema pode proporcionar. O diretor sul-africano Donovan Marsh prefere trilhar caminho seguro em Fúria em Alto Mar, resultando em uma mistura pouco inspirada de A Caçada ao Outubro Vermelho (1990), a estreia de Jack Ryan na tela grande, e o tarantinesco Maré Vermelha (1995), ambas histórias que já se debruçavam sobre esse mesmo argumento de russos versus norte-americanos e de que o que se passa embaixo da água pode ser mais explosivo do que aquilo que acontece às claras acima do nível do mar. Em resumo, há tensão suficiente para manter a atenção até a inevitável – e previsível – conclusão, mas nada que já não tenha sido visto antes – e melhor.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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CríticoNota
Robledo Milani
5
Roberto Cunha
4
MÉDIA
4.5

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