Crítica


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Onde Assistir

Sinopse

Uma equipe de soldados equipada com o que há de mais moderno em termos de artefatos bélicos vai aonde o trabalho a espera. Desta vez, esse time precisa lidar com um vendedor de armas e a misteriosa organização Cobra.

Crítica

Se até carros que se transformam em robôs extraterrestres (algo pode ser mais estapafúrdio do que isso?) renderam duas das maiores bilheterias da década, é até de se estranhar porque o grupo militar dos Comandos em Ação levou tanto tempo para chegar à tela grande! G.I. Joe: A Origem de Cobra até tenta aproveitar a onda gerada pelos Transformers 2, lançado no começo do verão norte-americano, mas o efeito não deverá ser tão impactante. Afinal, além de ser tão ruim quanto seu colega, há bem menos efeitos especiais para iludir os cérebros mais distraídos.

Mas não era muito difícil prever a catástrofe que estava por vir. Com direção de Stephen Sommers, o mesmo homem por trás dos dois primeiros filmes da série A Múmia e que não dirigia nada desde o insuportável Van Helsing (2004), esse G.I. Joe até tenta ser fiel à linha de brinquedos, repetindo figurinos, aparelhos e outras gadjets, além de manter o mesmo fio de enredo, revelando como surgiu o principal vilão de toda série, o misterioso Cobra. A heroína ruiva, a vilã morena, os lutadores mascarados branco e negro, o grande herói... estão todos lá, tal qual eram os bonecos articulados da nossa infância. Porém, se antes a graça estava nas aventuras que imaginávamos para os nossos protagonistas, dessa vez temos que engolir os absurdos impostos pelos roteiristas Stuart Beattie e David Elliot. É tudo tão rocambolesco que fica difícil achar qualquer artifício meramente crível neste grande parque de diversões. E entre cenas impressionantes (a devastação de Paris) e outros de puro tédio (qualquer tentativa de romance entre os personagens), o que resta é apenas um remendo daquilo que nós já nos divertimos em nossas imaginações.

G.I. Joe: A Origem de Cobra revela como o ameaçador bandido foi concebido, desde o início traumático até seus planos mirabolantes de conquistar o mundo. Um cientista que joga nos dois lados da lei, dois militares que são recrutados no meio de uma missão a se juntarem a equipe de elite ultra treinada, uma paixão do passado mal resolvida, dois irmãos separados pelo destino... São tantos elementos dignos de uma novela mexicana que há momentos em que é complicado conter o riso. E se visualmente, num contexto geral, o filme não empolga, nada muito diferente pode ser afirmado a respeito do elenco, digno de qualquer produção B. Channing Tatum se esforça para ser astro, mas lhe falta carisma. Com Sienna Miller é a mesma coisa – se não convence quando quer ser má, que dirá quando tenta ser boa? Dennis Quaid é só carranca, numa das aparições mais canastronas dos últimos tempos. Marlon Wayans é comediante, e neste gueto deveria se restringir. E Joseph Gordon-Levitt merece uma aposentadoria precoce de tão irritante que consegue ser.

Apesar da boa estreia nos Estados Unidos, G.I. Joe despencou mais de 60% em sua segunda semana em cartaz, ultrapassando com custo a marca dos US$ 100 milhões – o que leva a crer só conseguirá cobrir seu orçamento de US$ 175 milhões com o faturamento internacional. Resta torcer para que este recado seja entendido, e que as adaptações de brinquedos cheguem ao fim. Por outro lado, se pensarmos que já andam falando até em adaptar os monoblocos do Lego para a sétima arte, o que mais podemos esperar? Ao menos ainda empregam atores, evitando deixar que os computadores façam tudo por conta própria! Mas, se o exemplo for este aqui, talvez estes dois cenários não sejam tão diferentes assim...

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

Grade crítica

CríticoNota
Robledo Milani
4
Ailton Monteiro
6
MÉDIA
5

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