Gaga: O Amor Pela Dança
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Tomer Heymann
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Mr. Gaga
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2015
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Israel / Suécia / Alemanha / Holanda
Crítica
Leitores
Sinopse
Coreógrafo e diretor artístico da Companhia de Dança Batsheva, Ohad Naharin tem uma carreira brilhante no mundo da dança.
Crítica
Talvez não haja, mesmo, forma mais adequada para falar de um artista, sobretudo dos que investem tanto de si em suas produções, como é o caso do dançarino e coreógrafo israelense Ohad Naharin, do que promovendo interseções entre vida e obra. O diretor Tomer Heymann segue por esse caminho em Gaga: O Amor Pela Dança, documentário que tem méritos para além da investigação acerca da potência criativa e da singularidade do trabalho de Naharin. Há uma impressionante quantidade de material de arquivo à disposição, mas, sem a devida habilidade para entrelaçar todo esse registro prévio, ao filme restaria apenas contemplar. Longe disso, o rearranjo causa fricções, permite que o mergulho nas inúmeras narrativas geradas ao longo da vida de quem se dedicou integralmente, de corpo e alma, à arte seja mais profundo e profícuo. Seguimos em linha cronológica, da infância do protagonista num kibutz, experiência comunal única, estreitamente ligada à cultura israelita, até chegarmos ao agora.
Um dos primeiros vislumbres do método de Naharin é a incessante tentativa de fazer a queda de uma bailarina parecer real. Ele não se dá por satisfeito até que o movimento soe natural, quase à perfeição, sem excessos de método e cálculo. Essa necessidade de acessar uma espécie de estado puro, no qual a técnica torna-se praticamente imperceptível, serve a Heymann como chave para discutir a natureza da representação, inclusive a cinematográfica, ainda que o faça, ao gosto de Naharin, sem alardes, organicamente. Soma-se a isso a história que o coreógrafo conta para justificar o ingresso no mundo da dança. Seu irmão gêmeo e autista só conseguia se comunicar plenamente quando a avó deles dançava. Com a morte abrupta dela, Naharin passou a fazer da sua expressão corporal uma ponte. Gaga: O Amor Pela Dança, como constatamos mais evidentemente adiante, também fala sobre a força simbólica e a importância literal da fabulação, pois a estrita verdade nem sempre significa genuinidade.
Não fossem essas discussões seminais que enriquecem extremamente o filme, Gaga: O Amor Pela Dança ainda seria pungente pela forma como escrutina a obra de Ohad Naharin, oferecendo-nos a possibilidade de acompanhar gravações íntimas de seu cotidiano, seja em Israel ou na efervescente Nova Iorque dos anos 70 e 80, onde foi tentar a sorte e acabou conhecendo um de seus amores, a também dançarina Mari. É um privilégio testemunhar o processo de sua criação. A obsessão por atingir o sublime, a dramaticidade intrínseca às coreografias, inclusive e, sobretudo, àquelas que ecoam episódios reais, o profissionalismo em constante relação com a emoção, tudo isso é capturado com paixão por Tomer Heymann. Sobra espaço, ainda, para que antigos colaboradores do protagonista falem das dificuldades de trabalhar com ele, em virtude de um perfeccionismo árduo de ser assimilado. Todavia, o fato do sofrimento ser recompensado no palco, o justifica inteiramente. A dança é entendida nesse universo bastante peculiar como instância fundamentalmente de prazer e libertação.
Gaga: O Amor Pela Dança oferece um panorama multifacetado desse homem que faz dos corpos, o seu e os dos demais, a sua tela de projeção. O amor e a colaboração estreita com a companheira Mari oferece um bonito tom romântico ao filme, mas nunca o açucara. A polêmica instaurada com o Estado de Israel por conta da censura a uma coreografia transformou Naharin num símbolo artístico de resistência. Tomer Heymann, habilmente, não se presta a reduzir seu personagem a este ou àquele aspecto. Para isso, evita demorar-se demasiadamente nos episódios, extraindo deles o sumo imprescindível ao vigor do quadro abrangente que busca pintar. O que temos é um documentário lírico sobre alguém que entende o movimento como uma rima, tão primitiva quanto essencial, que confere significados profundos ao ato de existir. A cena final, do tropeço aparentemente prosaico, reafirma, em consonância com anteriores semelhantes, a predominância de uma lógica poética.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Marcelo Müller | 9 |
Edu Fernandes | 6 |
Sarah Lyra | 6 |
Alysson Oliveira | 5 |
MÉDIA | 6.5 |
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