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Crítica


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10 votos 8.4

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Sinopse

O Gato de Botas é um aventureiro sagaz que faz jus à fama de intrépido. Ele quer encontrar o ganso dos ovos de ouro e contará com a ajuda de amigos nessa missão quase impossível.

Crítica

Criado pelo francês Charles Perrault no século 17, o Gato de Botas apareceu pela primeira vez em Shrek 2 (2004), como o novo amigo do ogro verde de bom coração. Depois de repetir aparições em Shrek Terceiro (2007) e em Shrek Para Sempre (2010), ganha agora um filme inteirinho pra chamar de seu: Gato de Botas, o primeiro spin off da série que consagrou a Dreamworks como estúdio de animação. Quem não deve ter gostado muito foi Eddie Murphy, que após monopolizar todas as atenções do primeiro filme como o Burro, viu seu papel ser diminuído gradativamente ao logo da tetralogia, abrindo espaço para Antonio Banderas e essa invasão latina. Reflexo direto de que Hollywood reconhece a importância do público do México e dos demais países americanos, que aqui finalmente ganham uma superprodução com a sua cara.

Banderas e Salma Hayek repetem pela quinta vez essa intensa parceria – após A Balada do Pistoleiro (1995), Frida (2002), Pequenos Espiões 3D (2003) e Era uma vez no México (2003) – como os dois dubladores originais: ele o Gato, ela como Kitty, a gata de mãos leves que irá ajudá-lo num plano mirabolante que envolve o roubo de feijões mágicos e o sequestro da Gansa dos Ovos de Ouro. Assim como nos demais filmes da série Shrek, esse também mantém sua ambientação muito próxima dos contos de fada, combinando elementos de várias histórias clássicas, como se fizessem parte de um universo paralelo. Quem está ao lado deles nessa aventura é o menino-ovo Humpty Dumpty (de Alice no País das Maravilhas). E a trama é um acerto de contas entre Humpty e o Gato, que foram criados como meios-irmãos em um orfanato e após um desentendimento no passado decidem se unir em busca de pazes.

Visualmente encantador e dono de virtuosismos que justificam plenamente o uso dos efeitos 3D, Gato de Botas, no entanto, não se realiza plenamente como cinema. Enquanto era um personagem coadjuvante, que tinha momentos específicos para brilhar, sua utilidade e aproveitamento eram perfeitos. Mas agora, tendo que carregar sozinho um filme inteiro, sentimos um cansaço no enredo, que se estica além dos limites. É uma trama de uma piada só, que não é feliz o suficiente para dominar a atenção do espectador do início ao fim. O Gato é adorável, com seus olhos enormes e jeito de amante canastrão, e Kitty é um bom acréscimo, pois oferece o clímax romântico necessário, mas o vilão é mesquinho e as motivações de todos não são as mais convincentes. Assim como as demais animações dessa temporada – Happy Feet 2, Operação Presente – o resultado é por demais infantil, deixando qualquer um na audiência com mais de 20 anos entediado muito antes do término da projeção.

Se a recepção da crítica foi dividida, o público encarou esse Gato de Botas de forma um pouco mais empolgada, gerando um faturamento de mais de US$ 140 milhões só nos Estados Unidos. É um retorno satisfatório, mas não surpreendente, pois o coloca na quarta posição do gênero neste ano – atrás de Carros 2, Kung Fu Panda 2 e Rio – e bem distante de qualquer um dos quatro longas da série Shrek. Ou seja, a conclusão mais evidente é de que esta foi uma experiência interessante, e quem curtiu os filmes anteriores deve dar um voto de confiança. Mas não esperem tão cedo uma continuação, pois como os sinais de cansaço aqui apresentados indicam, todos os ovos de ouro dessa gansa já foram esgotados, e tá mais do que na hora de procurar por novas inspirações.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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