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Sinopse

Depois de ganhar um relógio enfeitiçado, Roni vai parar num vilarejo onde as crianças estão desaparecendo misteriosamente. Na companhia de seus amigos, Roni terá de enfrentar o poderoso Perpétuo e salvar Cronópolis.

Crítica

Desde sempre, o cinema foi usado como propaganda para alavancar mercadorias ou ideias que excediam a ficção. Durante as grandes guerras do início do século XX, foi palco para batalha de versões entre produções de EUA e Alemanha. Em zona mais mansa, foi conveniente para venda de doces em A Fantástica Fábrica de Chocolate (1971) e consumo de marcas esportivas e brinquedos com Space Jam: O Jogo do Século (1996), apenas para citar alguns exemplos. Já na década de 2010, outro universo descobriu a telona como aparelho de difusão: os influenciadores digitais. Temperando conteúdo regular das redes com dramatização, youtubers como Kéfera Buchmann e Luccas Neto se aventuraram pela sétima arte. Mais recentemente, este movimento também foi abraçado por Ronaldo Souza, o Gato Galáctico, que estreou no circuito com Acampamento Intergaláctico (2022). Em Gato Galáctico e o Feitiço do Tempo, ele esforçar-se mais uma vez para diversificar seu público. Mas, de fato, será esse seu objetivo?

Aqui, Ronaldo interpreta versão de si mesmo, Roni, rapaz de mente curiosa e coração aventureiro. Sem muitos porquês, ele recebe de seu pai, Alberto (Bruno Krieger), um relógio misterioso que foi de seu avô, Pedro Pontual (Blota Filho). A relíquia, segundo lenda, é oriunda da cidade perdida de Cronópolis. Entusiasmado, Roni parte em busca do tal local e os segredos por trás do artefato que herdou. Em seus primeiros minutos, a variação de espectadores é algo que, circunstancialmente, entrará no radar dos atentos. Ronaldo possui base de fãs estabelecida, na maioria pequeninos. Sendo assim, romance com o cinema poderia lhe garantir outra camada de plateia, certo? As composições narrativas discordam.

Essa impressão surge nas primeiras exteriorizações de Roni. Ele está inquieto, beirando o teimoso. O motivo? Nenhum. Mas é convocado pelo pai e ganhar presentes em troca de postura mais amigável, nos levando a crer que o protagonista nos parece ser mais do que um jovem rebelde e confuso. Em seguida, ele parte para a viagem. Nesse percurso, não fosse por trilha sonora levemente contagiante, o filme se recolheria ao silêncio, ou frases genéricas, por tempo necessário para perder a concentração dos menores. Uma opção ousada. Porém, na sequência, os diálogos e obstáculos mergulham de vez na ingenuidade frequente de seus canais digitais. Consequentemente, aí surgem os primeiros desacordos.

E assim será até seu fim. O diretor Rodrigo Zan (Up North, 2022) e roteiristas, André Brandt (A Última Peça, 2019), Gui Cintra (B.O., 2023), Rodrigo Moura (Do Que Riem?, 2023) e o próprio Ronaldo, não parecem ter chegado a acordo. Iremos falar com novo público? Ou articularemos com quem já nos conhece? Essa conjuntura fica mais explícita na troca rápida de tons num mesmo ambiente, com coadjuvantes, como Pepe (Erick Torres) e Lisa (Luiza Mezadri), precisando absorver mais do que estão preparados para se responsabilizar. O desenrolar dos fatos pouco ajuda, dado o antagonista que o enredo expõe. Perpétuo (Daniel Infantini) é vilão sem frases de efeito e sua maldade existe pelo simples fato de existir. Não há desenvolvimento, equívoco corriqueiro em produções infantis, diga-se de passagem.

Faltam causas e progressos das mesmas para que Gato Galáctico e o Feitiço do Tempo empolgue os aventureiros que decidirem visitá-lo. Esse cansaço narrativo pode, inclusive, ser personificado em Lucas Salles. Aqui, ele interpreta um jornaleiro que, ao que tudo indicaria por sua trajetória pregressa, conseguiria ser alívio cômico. Mas nem essa escapadela é aproveitada. Em síntese, o longa deve se contentar em satisfazer os já familiarizados.

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Fanático por cinema e futebol, é formado em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Feevale. Atua como editor e crítico do Papo de Cinema. Já colaborou com rádios, TVs e revistas como colunista/comentarista de assuntos relacionados à sétima arte e integrou diversos júris em festivais de cinema. Também é membro da ACCIRS: Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul e idealizador do Podcast Papo de Cinema. CONTATO: [email protected]
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