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Sinopse

Um general francês ordena um ataque suicida contra os alemães durante a Primeira Guerra Mundial. Para abafar um possível escândalo, ele escolhe três soldados como bodes-expiatórios, julgando-os e condenando-os à morte.

Crítica

A guerra e seus horrores fazem parte da história do homem. Porém, a partir do século XX os conflitos tornaram-se globais e ainda mais mortíferos devido a novas tecnologias. Na Primeira Guerra Mundial, a artilharia pesada matou mais de 1,7 milhão de soldados franceses e alemães em poucos meses em 1916 nas batalhas de Verdun e do Somme.

Glória Feita de Sangue, o libelo humanista dirigido por Stanley Kubrick com base no romance de Humphrey Cobb, imagina uma situação trágica neste cenário. O longa tornou-se um clássico do gênero de guerra não por glamorizar o desfecho bélico provocado por visões de mundo excludentes, mas por denunciar os desmandos de generais mais preocupados com reputação e carreira do que com os homens que tombam em campo.

Kirk Douglas é Dax, coronel francês que recebe ordens do General Paul Mireau (George Macready) para atacar uma posição alemã em uma operação praticamente suicida. Uma parte do batalhão de Dax é morta entre as trincheiras, enquanto a outra evita atacar. Enfurecido pela insubordinação e pela glória que lhe escapou, Mireau decide punir os soldados. Porém, é persuadido pelo seu superior, General George Broulard (Adolphe Menjou), a deter-se em três soldados escolhidos aleatoriamente.

Os combatentes são submetidos a uma corte marcial injusta, na qual Dax, isolado, tenta defendê-los. A condenação à morte, orquestrada nos bastidores, serviria de exemplo disciplinar a toda tropa. Como última cartada para evitar o fuzilamento dos três soldados, Dax relata a Broulard uma decisão ilegal tomada por Mireau em campo de batalha, ameaçando denunciar o escândalo a políticos e à imprensa. Porém, o coronel não consegue obter perdão aos soldados, que são mortos em cerimônia oficial.

A cena final é emblemática. Em uma taverna, pouco após a punição dos colegas, vários soldados bebem e festejam durante uma folga. No lado de fora, Dax escuta a movimentação dos praças dentro do bar com o olhar perdido, resignado por saber que três homens morreram para alimentar o ego de uma autoridade e para servir de exemplo a todo um batalhão, que, embrutecido pelo terror diário da guerra, nem se abalou. Imobilizado entre a elite onipotente e a massa de manobra militar como quem combate uma guerra espremido em uma trincheira, Dax sai do transe ao ser chamado de volta ao conflito – para onde segue, sem alternativa. Nada de novo no front.

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é jornalista, doutorando em Comunicação e Informação. Pesquisador de cinema, semiótica da cultura e imaginário antropológico, atuou no Grupo RBS, no Portal Terra e na Editora Abril. É integrante da ACCIRS - Associação dos Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul.
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