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Sinopse

Durante uma crise diplomática entre França e Mônaco, no ano de 1962, a princesa Grace Kelly, também conhecida como Grace de Mônaco, usa todo seu prestígio nos bastidores para evitar que o confronto seja ainda maior. Depois de anos afastada do cinema, ela tem uma função estratégica essencial.

Crítica

É até complicado saber sobre qual versão de Grace de Mônaco estamos comentando. Considerado um dos lançamentos mais complicados e decadentes dos últimos tempos, o filme de Oliver Dahan possui (pelo menos) três versões. A primeira foi quando a produção abriu o Festival de Cannes em 2014. A segunda é um corte feito pelo produtor americano Harvey Weinstein e o roteirista Arash Amel (que rechaça o filme). E, finalmente, a terceira e última foi a exibida pelo canal norte-americano Lifetime, em junho de 2015. Entre tantas montagens, fica até difícil identificar qual delas estamos assistindo nesse lançamento tardio nos cinemas brasileiros. Fica na mente a pergunta: como pode um filme iniciar sua trajetória em Cannes e acabar em um canal de produções duvidosas?

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Analisar a produção sem considerar todos os rompantes fora da tela é ignorar as várias causas das problemáticas da produção. O sentimento de frustração que fica para o espectador não é gerado apenas devido às altas expectativas pela cinebiografia da princesa de Mônaco e grandiosa atriz, e sim também pela direção perdida e exagerada de Olivier Dahan, diretor do já um tanto duvidoso Piaf: Um Hino ao Amor (2007). Se na cinebiografia da cantora francesa a direção de Dahan era salva pela perfomance carismática de Marion Cottilard e em como conseguiu de forma satisfatória se utilizar do melodrama, aqui em Grace de Mônaco, quase 7 anos após aquela produção, assistimos a um filme sem carisma com uma Nicole Kidman apenas boa. E mesmo que o diretor busque se firmar constantemente em estruturas que poderiam ser pontos fortes, seu ego perpassa como uma patrola o filme inteiro, com Dahan optando pela abordagem de questões políticas mal apresentadas. Ainda decide investir na insatisfação e sacrifícios de sua protagonista. Mas não de Grace Kelly atriz ou pessoa. E sim Grace, a Princesa de Mônaco, que precisa escolher qual papel deverá exercer em função daqueles que ama, consequentemente trazendo sacrifícios políticos e da própria vida.

Não era exagerada a reação de Harvey Weinstein em querer reeditar a obra para lançá-la no mercado norte-americano. Um dos problemas de Dahan reside exatamente aí, na montagem e no ritmo que essa dá ao seu filme. Se o elenco parece adequado, mesmo com Kidman sendo bem mais velha que Kelly na época em que assumiu a coroa, em vários momentos a produção acaba prejudicada devido a uma péssima escolha de cena, enquadramentos ou planos. Kidman é usada e abusada de forma claustrofóbica em planos de detalhe de seus olhos e expressões sempre que há uma cena de grande carga emocional. É inegável qe Dahan abraça os excessos. Mesmo que isso seja característico de sua inspiração principal, os melodramas, sua direção é previsível e desmerece grandes títulos do gênero como, por exemplo, os de Douglas Sirk.

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Ao contrário de Dahan, Sirk, com todo seu domínio, não ameaçava abordar um assunto ou o apontava de forma superficial, ele ia no cerne da problemática apontada. Faltou coragem ao cineasta desta cinebiografia de encontrar esse cerne e explorá-lo. Resta ao diretor francês compartilhar do sentimento de Grace ao ver que a sua vida em Mônaco seria só mais um papel a desempenhar: o de frustração.

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é graduado em Cinema e Animação pela Universidade Federal de Pelotas (RS) e mestrando em Estudos de Arte pela Universidade do Porto, em Portugal.
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