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Crítica

Poucas atrizes fizeram tão bem a transição do cinema mudo para o sonoro como Greta Garbo e Joan Crawford. Se já eram excepcionais, definitivamente foram elevadas ainda mais ao estrelato quando o público teve a oportunidade de ouvi-las. Grande Hotel, única parceria delas (que, como era de se esperar, não se suportavam nos bastidores), também reúne outros importantes nomes da época que faziam essa transição, como John Barrymoore, Wallace Beery e Lionel Barrymore. Não à toa, Grande Hotel é considerado o primeiro filme com elenco estelar, já que esse tipo de escalação nunca havia sido feita pelos estúdios, que temiam não receber o retorno do pagamento dos altos salários dos atores. No final das contas, essas produções se tornariam comuns, veículos para grandes intérpretes e publicidade para uma bilheteria ainda mais significativa.

Trazendo esse time de astros, a MGM e o diretor Edmund Goulding criaram a história de um grupo de hóspedes de um luxuoso hotel em Berlim, todos muito peculiares. Se o Dr. Otternschlag (Lewis Stone), anfitrião do local, costumava dizer que as pessoas passam e seguem dali sem nada acontecer, dessa vez não será bem assim. As presenças do empresário falido Barão Von Geigern (John Barrymore), o magnata Preysing (Wallace Beery), a sensual e bela taquígrafa Flaemmchen (Crawford) e a depressiva bailarina Grusinskaya (Garbo) parecem provar bem o contrário.

Numa trama em que esses personagens se cruzam, modificando o destino alheio durante o pequeno período em que se hospedam no hotel alemão, Goulding constrói uma produção de momentos icônicos, principalmente entre Garbo e John Barrymore. A famosa frase “Eu quero ficar sozinha” (I want to be alone!), dita pela atriz se tornou uma das mais memoráveis do filme e foi referenciada em outras produções. Aliás, Grande Hotel foi um dos primeiro filmes parodiados ou citados em outras realizações do cinema americano.

O medo da MGM em fracassar com Grande Hotel passou assim que o filme chegou aos cinemas. Logo se tornou um dos mais rentáveis do estúdio e também um dos principais cartões de visita dos seus protagonistas. Para fechar com chave de ouro, ainda venceu o Oscar de melhor filme em 1932. Detalhe: foi o única vencedor do prêmio principal sem indicações em outras categorias.

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é graduado em Cinema e Animação pela Universidade Federal de Pelotas (RS) e mestrando em Estudos de Arte pela Universidade do Porto, em Portugal.
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