Grandes Médicos
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Marilaine Castro da Costa, Luiz Alberto Cassol
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Grandes Médicos
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2018
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Brasil
Crítica
Leitores
Sinopse
Os relatos de pesquisadores, biógrafos e familiares demonstram como a medicina no Brasil está marcada pela dedicação de oito profissionais. Emílio Ribas, Adolpho Lutz, Oswaldo Cruz, Carlos Chagas, Manoel de Abreu, Juscelino Kubitschek, Zilda Arns e Euryclides Zerbini são os personagens que abordam políticas de saúde pública, descobertas e histórias de vida que alteraram de forma radical a área das ciências médicas.
Crítica
Emílio Ribas, Adolpho Lutz, Oswaldo Cruz, Carlos Chagas, Manoel de Abreu. Não seria despropositado afirmar que, para uma parcela razoável da população brasileira, esses nomes não são totalmente estranhos e, ainda que sem um conhecimento realmente pleno sobre os mesmos, sejam imediatamente associados à história da medicina no país. A princípio, a proposta do documentário Grandes Médicos, dos diretores Luiz Alberto Cassol, responsável por longas como Janeiro 27 (2017) e Edmundo (2015), e Marilaine Castro da Costa – que refazem aqui a parceria vista em Todos (2016) – parece ser exatamente oferecer ao público, especialmente ao não familiarizado, um mergulho na trajetória dessas figuras, bem como na de outros três nomes mais contemporâneos: o ex-presidente Juscelino Kubitschek, que exerceu a medicina antes de iniciar sua carreira política, a sanitarista, pediatra e fundadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns, e o renomado cardiologista Euryclides Zerbini.
Trazendo entrevistas com profissionais da área médica, historiadores, pesquisadores e familiares, Cassol e Costa apresentam seus personagens em ordem cronológica, buscando também traçar um panorama histórico da saúde pública no Brasil entre os séculos XIX e XX. De imediato, o longa assume um caráter puramente didático, emoldurado pelo formato mais convencional possível dentro da narrativa documental. Dessa forma, sem qualquer contextualização ou introdução ao tema, temos basicamente os depoimentos dos entrevistados intercalados por esparsas imagens de arquivo – fotografias, manchetes de jornal e vídeos – formando blocos individuais, com duração variando entre sete e dez minutos, dedicados a cada um dos históricos médicos. Alguns textos complementares, notas de rodapé, pontuam esses segmentos com as datas dos eventos mais importantes na linha do tempo dos biografados, criando a sensação de se estar diante de uma espécie de videoaula bastante resumida.
O tempo limitado não permite que se extraia muito das entrevistas, com apenas informações básicas sendo transmitidas e poucas curiosidades, seja sobre o próprio trabalho ou, especialmente, acerca da personalidade e da vida particular dos médicos, sendo reveladas. Qualquer possível controvérsia é evitada e apenas nos casos de Juscelino Kubitschek, Zilda Arns e Euryclides Zerbini, através da possibilidade dos testemunhos de pessoas mais próximas, como amigos, alunos ou filhos, a esfera íntima de suas vidas é levemente resvalada. Com isso, o conteúdo compilado vai muito pouco além daquilo que pode ser facilmente encontrado em artigos educacionais espalhados pela internet, com a dupla de cineastas apenas pulando de verbete em verbete, sem nunca, de fato, construir o desejado painel abrangente sobre a evolução da saúde pública brasileira, por mais que a temática política esteja sempre no ar, ou estabelecer algum paralelo entre passado e presente.
A realização formulaica, de atrativos escassos, também não contribui para que Grandes Médicos se torne mais envolvente: a montagem muitas vezes interrompe as falas abruptamente, e as retoma da mesma maneira, a captação de som, imagem e iluminação varia de modo aleatório e constante, e praticamente não existe qualquer tipo de exploração de espaço e objetos de cena ou utilização de outros recursos imagéticos – a câmera estática se restringe a registrar os entrevistados em seus ambientes de trabalho, com a carga ilustrativa recaindo toda sobre o reduzido material de arquivo. Assim, o resultado, tanto no aspecto artístico quanto no informativo, é bastante raso, podendo até despertar algum interesse no espectador para que este busque se aprofundar por conta própria no tema, porém, ficando muito aquém da louvável intenção de resgate da memória ou mesmo da importância que esses nomes tiveram – muitos, inclusive, em âmbito internacional – e do reconhecimento que merecem.
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