Crítica
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Sinopse
Atravessando os confins do cosmos, os Guardiões terão que lutar para manter sua recém-descoberta família unida enquanto desvendam o mistério da real ascendência de Peter Quill. Antigos inimigos se tornam aliados durante essa busca.
Crítica
Despretensão. Com essa premissa o primeiro Guardiões da Galáxia (2014) foi lançado há três anos. Heróis totalmente desconhecidos do grande público logo conseguiram conquistar a crítica e as bilheterias, unidos por muita ação, leveza, e, claro, um humor ideal para causar gargalhadas. O sucesso rendeu a continuação que temos agora em 2017. E, se não parece haver tanta novidade neste novo título, o grande diferencial de Guardiões da Galáxia Vol. 2 é a expansão de todos os aspectos positivos do longa anterior. Ainda assim, o plus de não precisar apresentar seus protagonistas, mas sim conseguir aprofunda-los sem perder a comédia e a sensibilidade que essa empreitada da Marvel já havia proporcionado.
A sequência inicial com a equipe lutando contra um grotesco e gigante monstro ao fundo, enquanto o Baby Groot dança ao som da fita cassete no primeiro plano, já adéqua novos espectadores enquanto causa nostalgia nos fãs já consagrados: aqui, humor não vai faltar. É o que vai acontecer nos próximos 130 minutos de projeção, que passam voando, tão rápido quanto as batidas intergalácticas das naves entre os mundos. Não demora e a reunião dos originais Peter Quill/Senhor das Estrelas (Chris Pratt), Gamora (Zoe Saldana), Drax (Dave Bautista), Rocket e Groot (vozes de Bradley Cooper e Vin Diesel, respectivamente) começa a ganhar novos contornos com o resgate de Nebulosa (Karen Gillan), irmã da mortal filha de Thanos, o retorno de Yondu (Michael Rooker) e os acréscimos da fria Ayesha (Elizabeth Debicki), da empática Mantis (Pom Klementieff), do enigmático Stakar Órgãos (Sylvester Stallone) e de Ego (Kurt Russell), o misterioso pai de Quill.
Revelar mais da trama que envolve essa vasta gama de personagens seria estragar tudo o que a história tem a oferecer, mas uma coisa é certa: o diretor James Gunn não os joga a esmo na tela. Todos têm suas funções e objetivos bem definidos. E o cineasta é tão bem-sucedido nesse mix tresloucado de personalidades distintas que a mescla do roteiro com o visual kistch (que remonta diretamente aos anos 70 na sua profusão de cores) faz um contraste tão inusitado quanto nostálgico e agradável para o espectador se sentir à vontade. Não faltam efeitos visuais fantásticos em meio às batalhas frenéticas com armas das mais criativas. O uso de cores e referências pop nos faz lembrar com carinho de um passado afetivo.
Este jogo de pós-modernidade, paradoxal à nostalgia evocada a cada segundo, remete diretamente aos longas de ação e ficção dos anos 70 e 80, em que o inimaginável pode ser, sim, realista. É só não pensar muito. Não que o roteiro brinque com a inteligência do público, muito pelo contrário. Ele é hábil o bastante para parecer simples na trama principal, mas com um subtexto que faz total referência àquilo que move a equipe: os sentimentos e as relações dessa família de desajustados que se reuniu ao acaso, e que permanece assim por escolha própria, pela confiança estabelecida. Numa clara alusão à sua trajetória nos quadrinhos, Quill e companhia encontram-se marginalizados por serem comuns e ordinários. E, talvez por esse mesmo aspecto, o espectador se identifique tanto com eles.
Oras, quem não tem alguma rivalidade com o irmão, medo de demonstrar paixão pela amada, pretende acertar as contas com o passado ou se envolve numa armadura de sarcasmo para esconder suas fragilidades? Mesmo com aspectos tão inumanos na aparência, os Guardiões da Galáxia são uma verdadeira família. Dentro do Universo Marvel, talvez até mais crível e empática que seus colegas mais famosos, os Vingadores. Não é apenas pelo bom humor que quebra o gelo. É uma conexão real que se torna ainda mais realista em virtude do elenco afiado e totalmente em uníssono. O azarão da Casa de Ideias não poderia ter voltado em melhor forma. Agora resta esperar que haja uma terceira parte para suas histórias. Criatividade dos realizadores e vontade do público são elementos que com certeza não irão faltar para tornar esta trajetória o mais longa possível. Ou melhor: universal.
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